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Empresas que devem quase R$ 1,5 bi ao governo doaram a campanhas

Quase 30% do valor injetado na corrida presidencial de 2010 veio de companhias endividadas

Dos R$ 695,8 mi recebidos em doações, R$ 198,5 mi vieram de empresas inscritas na Dívida Ativa da União

FILIPE COUTINHO BRENO COSTA DE BRASÍLIA

As principais campanhas políticas de 2010 no Brasil foram bancadas por empresas que devem dinheiro ao governo federal.

De cada R$ 100 injetados naquela campanha presidencial, quase R$ 30 vieram de empresas inscritas na Dívida Ativa da União, lista de devedores que, segundo o governo, não pagaram impostos ou deixaram de recolher a contribuição para a Previdência Social. No total, as doadoras devem quase R$ 1,5 bilhão.

Só entram na lista, organizada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), os casos em que já se esgotaram recursos administrativos ou devedores que não contestaram os débitos na Justiça.

A lista é atualizada diariamente, mas, se uma empresa pagar seu débito hoje, pode demorar sete dias a sair dela.

A Folha cruzou a lista com a de centenas de doadores que colocaram acima de R$ 100 mil nas candidaturas de Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva, além dos valores recebidos em 2010 pelos diretórios nacionais de PT, PMDB, PSB, PSDB, DEM e PV.

Os partidos e os políticos receberam, no total, R$ 695,8 milhões em doações de empresas devedoras ou em situação regular. Desse montante, R$ 198,5 milhões (28%) vieram de empresas inscritas na Dívida Ativa da União.

No total, 76 empresas que doaram a campanhas devem à Receita Federal. O valor da dívida, até a sexta passada, era de R$ 1.486.628.400,63.

Na prática, para cada R$ 1 que essas empresas injetaram nas eleições, elas devem outros R$ 7 ao governo. Desse grupo, 31 doaram mais do que devem. Ou seja, teriam como quitar a dívida com a União.

O financiamento de campanha é ponto central da reforma política que há anos o Congresso discute e que voltou à cena no mês passado.

Depois do início da onda de protestos no país, em junho, uma resposta de Dilma foi sugerir um plebiscito para que o eleitor decida, entre outros pontos, como as campanhas devem ser bancadas.

ROMBO

Os dez maiores devedores da lista representam os mais variados setores econômicos.

A mais endividada é a Bombril, que pôs R$ 150 mil na campanha de Dilma e responde por mais da metade do débito de quase R$ 1,5 bilhão das empresas que devem ao Fisco, mas fazem doações.

Em segundo, vem a Copersucar, maior grupo de venda de açúcar e etanol no país. Doou R$ 4,35 milhões a Dilma, Serra, Marina e PT. A dívida passa de R$ 147 milhões.

Integrante do maior conglomerado do setor de carnes do mundo, a JBS deve R$ 66 milhões. Em 2010, injetou R$ 18,1 milhões nas campanhas de Dilma e Serra, além de PT, DEM, PMDB e PSDB. Outra devedora é parceira da Petrobras: a Iesa Óleo e Gás.

A farmacêutica Infan deve R$ 99,3 milhões --doou R$ 100 mil a Dilma. A situação da empresa se agravou em abril deste ano, quando a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) mandou suspender a produção de quase todos os seus medicamentos, cosméticos e alimentos.


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