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Comissão da Verdade terá conduta mais agressiva, afirma ex-ministro

José Carlos Dias assume coordenação e promete confrontar acusados de tortura com vítimas

Ex-titular da Justiça no governo FHC afirma que recorrerá à Polícia Federal para busca de convocados para depor

LUCAS FERRAZ DE SÃO PAULO

O advogado e ex-ministro da Justiça do governo FHC José Carlos Dias, 74, assumiu nesta semana a coordenação da Comissão Nacional da Verdade, num momento que não poderia ser mais delicado.

Quase 16 meses após iniciar os trabalhos, o grupo atua há 60 dias com dois integrantes a menos, foi tomado por desconfianças internas e vive sob críticas de grupos de direitos humanos. Dias diz que o pior momento já passou. "A Comissão da Verdade será mais agressiva. Vamos mudar."

Um dos focos do novo coordenador é o convencimento de que é necessário confrontar os agentes da repressão com o relato das vítimas da ditadura militar (1964-85), conduta que era reclamada pela antecessora dele na coordenação, Rosa Cardoso.

Ele quer evitar situações como a que ocorreu no depoimento, em maio, de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército e símbolo das torturas praticada pelos militares, que defendeu a ditadura sem que houvesse espaço para contestação de vítimas da repressão.

Outra novidade é um acordo feito com a Polícia Federal, que usará a força, se for preciso, para buscar os convocados que não aparecem para depor na comissão. "Inclusive em casa", garantiu.

A comissão tem poderes para convocar testemunhas e obrigá-las a depor, mas tem adotado a prática de convidar as pessoas e só transformar convites em convocações nos casos em que há recusa.

Dias afirmou que vai aprofundar a cooperação com as 21 comissões da verdade de todo país que já têm relações com a comissão nacional.

Como somente a Comissão Nacional da Verdade tem poder para convocar depoimentos, a parceria facilitará o depoimento de outros agentes. Os grupos estaduais e municipais fazem apenas convites.

Nessa linha, dois novos depoimentos foram acertados com a Comissão da Verdade da cidade de São Paulo.

Um será o do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin. Em 1975, quando era deputado estadual da Arena (partido da ditadura) ele fez discursos elogiando o delegado do antigo DOPS Sérgio Fleury e contra o então jornalista Vladimir Herzog, morto após uma sessão de torturas 16 dias depois do discurso.

Outro será o delegado aposentado Laertes Calandra, conhecido à época como capitão Ubirajara. Ele é apontado como torturador por ex-presos políticos. "Mas não vamos tirar coelho da cartola. Não temos como fazer milagres, infelizmente já se passou muito tempo", concluiu Dias.


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