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'Há diferenças, mas estamos unidos', diz Dias

Novo coordenador nega crise na Comissão da Verdade e afirma que relatório final elucidará casos de desaparecimento

Ex-ministro aguarda nomeação de dois integrantes e admite que grupo 'não vai tirar coelho da cartola'

DE SÃO PAULO

Político, José Carlos Dias nega a existência de crise na Comissão Nacional da Verdade: "Só há diferenças de temperamento. Estamos unidos, e acho que daqui para a frente ficaremos ainda mais".

Ele disse acreditar que o grupo chegará a revelações em seu relatório final, que será entregue no ano que vem --não se sabe ainda se em maio, quando se completa dois anos do trabalho da comissão, ou final do ano, diante da possibilidade de se estender o prazo.

A seguir, trechos de sua entrevista à Folha.

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Folha - Por que a comissão chegou a este ponto, com crise e atuando há meses com dois integrantes a menos?
José Carlos Dias - Estamos trabalhando. Já fizemos muitas coisas. São 348 depoimentos já prestados à comissão. Conseguimos digitalizar inúmeros documentos, realizamos audiências públicas. Isso sem falar nos acordos com 21 comissões que estão funcionando no país. Estamos aprimorando o trabalho.

A crise já foi superada?
Sim, a pior fase já passou. Não acho que exista crise. Só diferenças de temperamento. Estamos unidos, e acho que daqui para a frente ficaremos ainda mais. Essas visões distintas são normais.

O que precisa mudar no trabalho da comissão?
A comissão ficará mais agressiva. Precisamos aprimorar o trabalho ouvindo mais as vítimas do período. Precisamos confrontar essas histórias com os depoimentos dos agentes da repressão. Podemos ter melhores resultados assim. Nós também acertamos um acordo com a Polícia Federal para buscar os convocados que eventualmente não compareçam. Sem prejuízo de responder pelo crime de desobediência.

A polícia irá na casa do convocado e levá-lo à força para a comissão?
Sim, faremos o uso da força coercitiva do Estado. Mesmo que fique calado, ele precisará comparecer.

Como atrapalha no trabalho da comissão o fato de o grupo estar desfalcado, com cinco dos sete integrantes?
Claro que seria melhor estarmos trabalhando com todos os sete integrantes, mas o que eu posso fazer? Isso [a indicação dos dois membros] não depende de mim, mas da presidente da República. Recebi a indicação do chefe de gabinete dela que as nomeações serão feitas em breve. Quem decide é ela.

Até agora a comissão não revelou nada relevante. E o trabalho do grupo, cada vez mais, está restrito a um nicho. O que acontece? Há uma decepção sobre as limitações do trabalho?
Não vamos tirar coelho da cartola. Não temos como fazer milagres, e já se passou muito tempo. Infelizmente. Muitas pessoas que precisaríamos ouvir já morreram. Outras estão muito velhas. Não podemos esquecer que são fatos que aconteceram há mais de 40 anos. O tempo também é um inimigo do nosso trabalho.

Será possível fazer alguma descoberta até o final dos trabalhos?
Sim, acho que poderemos elucidar algum caso de desaparecido. Ainda temos muito por fazer, pelo menos 300 pessoas ainda serão ouvidas. Nosso relatório será uma semente para trabalhos futuros sobre o tema.


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