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Deputado condenado afirma que pagará sua 'dívida' na prisão

Sentenciado a 7 anos e 10 meses no mensalão, Valdemar Costa Neto diz se preparar para cumprir pena em Brasília

Com direito a regime semiaberto, dirigente do PR poderá manter emprego como assessor e dormir na cadeia

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenado no julgamento do mensalão, se prepara para cumprir pena numa cela em Brasília. Ele já está desocupando o apartamento funcional cedido pela Câmara. Alugou um flat na capital da República. Concluirá essa transição na semana que vem e ficará pronto para "pagar essa dívida com a sociedade".

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos e 10 meses de prisão e multa de R$ 1,1 milhão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Costa Neto terá direito a cumprir sua pena no regime semiaberto, dormindo na prisão e saindo para trabalhar.

Ele ficará impedido de disputar eleições por nove anos. Hoje com 64 anos, só poderá retomar a vida partidária plena aos 73, em 2022. Em entrevista à Folha e ao UOL, disse que deixará o cargo de dirigente do PR assim que começar a cumprir a pena e trabalhará como assessor na área administrativa do partido.

Na atual fase do julgamento, o STF rejeitou todos os recursos de Costa Neto, condenado por receber R$ 8,8 milhões do mensalão.

Ele queria receber o mesmo tratamento do publicitário Duda Mendonça, que trabalhou na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, foi pago com recursos do esquema e acabou absolvido pelo STF.

O STF inocentou Duda por considerá-lo um profissional que vendia seus serviços legitimamente e que, depois de descoberto, pagou os impostos sobre o dinheiro recebido.

"Nós tínhamos um acordo com o PT. Fizemos um caixa de campanha de R$ 40 milhões. Isso foi público. Está aqui a Folha [mostrando e lendo reprodução de reportagem no jornal, de 2002]: PL diz que vai participar de caixa de campanha do PT'. Não foi nada escondido. Nós tínhamos R$ 10 milhões e o PT, R$ 30 milhões", disse Costa Neto.

Esta foi a primeira entrevista do deputado em muitos anos depois da eclosão do escândalo, em 2005. Ele não tem mais esperança de apresentar algum recurso ao STF com sucesso. O estilo loquaz que costumava exibir em outros tempos só ressurgiu quando iniciou um destampatório contra o presidente da corte, ministro Joaquim Barbosa, também relator do mensalão.

"É um recalcado, um desequilibrado, um homem sem educação (...) É um homem que bate em mulher [referindo-se a um episódio em que Barbosa teria agredido a ex-mulher antes de chegar ao STF] (...) Não tem qualificação para o cargo. Ele compra um apartamento em Miami. Você já viu um ministro do Supremo ter apartamento em Miami? Não tem nada ilegal nisso aí, agora, criar uma empresa lá fora? A lei está aqui, ele não pode ter empresa."

Como a Folha revelou em agosto, Barbosa comprou um apartamento em Miami por meio de uma empresa que lhe permitirá obter benefícios tributários nos EUA. Avisada das declarações do deputado, a assessoria do presidente do STF disse que ele respondeu com uma frase: "Não vou polemizar com réu condenado".

A força de petistas ilustres para influir na nomeação de ministros do STF também foi analisada por Costa Neto. "O PT nunca discutiu isso comigo", disse. Por quê? "Para eu não pedir para eles. Porque se já estavam pedindo para eles, não podiam chegar e [dizer]: Ó, me resolve o caso do Valdemar também'. Eu não tinha acesso aos ministros."

Ele, que ainda não sabe se vai renunciar ao mandato quando for para a prisão, disse que apoiaria o fim do voto secreto no Legislativo na noite de ontem, mas acabou não votando na sessão.


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