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Ilustrada - em cima da hora
Jornalista Telmo Martino morre aos 82 anos no Rio
Carioca, virou celebridade em SP por apelidar famosos e nomear 'tribos' urbanas
Ao lado de Paulo Francis e Ivan Lessa, foi considerado um modelo de jornalismo crítico, culto e sofisticado
O jornalista Telmo Martino morreu ontem, aos 82 anos, no Hospital Samoc, de complicações decorrentes de uma pneumonia. Estava internado desde o dia 22 de agosto.
Nascido no Rio, Telmo, como era conhecido, estudou no Colégio Santo Inácio, onde foi colega de Paulo Francis. Formou-se em direito, profissão que nunca exerceu.
Em 1953, juntou-se como ator a um grupo amador de teatro, o Studio 53, que, durante uma temporada, apresentou três peças no Teatro de Bolso de Silveira Sampaio.
Ali reencontrou Paulo Francis, que cuidava da bilheteria, e conheceu Ivan Lessa. Os três se tornaram grandes amigos. No futuro, seriam sempre citados juntos como modelos de um jornalismo crítico, culto e sofisticado.
De 1955 a 1967, Telmo trabalhou como redator nos serviços de transmissão radiofônica para o Brasil da BBC, em Londres; depois, da Voz da América, em Washington; e, de novo, da BBC.
Em 1958, quando foi lançada a revista "Senhor", dirigida por Francis e a convite deste, colaborou com uma "Carta de Londres", em que resenhava a cultura britânica.
Em 1967, de volta ao Rio, foi chamado por Francis a integrar a equipe da nova revista "Diners", de que faziam parte jovens como Ruy Castro, Alfredo Grieco e Flavio Macedo Soares.
Com o fim da "Diners", em 1969, Telmo foi para o "Última Hora" e, depois, para o "Correio da Manhã", onde escrevia uma página de notas cáusticas e hilariantes, assinada por Daniel Más.
Por causa dessas notas, que sacudiam a cidade, foi convidado em 1971 por Murilo Felisberto a transferir-se para o "Jornal da Tarde", em São Paulo, e escrever uma coluna com seu próprio nome.
Pelos 15 anos seguintes, Telmo foi uma marca do "Jornal da Tarde". Tornou-se uma celebridade paulistana --e sua palavra de aprovação (ou não) passou a ser indispensável para a maioria dos atores, cantores, escritores e artistas plásticos de São Paulo.
Washington Olivetto, Fausto Silva, Rita Lee, Glorinha Kalil, Costanza Pascolato, Beatriz Segall e Osmar Santos eram dos poucos que ele elogiava constantemente.
O melhor de Telmo foram as "turmas" que ele delimitou e nomeou. Numa paisagem em que pululavam bichos-grilos, rótulos como "barba-e-bolsa" e "poncho-e-conga" dispensavam qualquer explicação.
Uma colônia italiana endinheirada e melômana constituía o pessoal do "Scala-e-escarola". Paulo Maluf e outros descendentes de libaneses formavam o bando do "quibe-e-quilate".
Chega a espantar que tenha levado apenas um troco em público --um chute no traseiro, desferido numa festa pelo poeta Mario Chamie.
Telmo manteve uma coluna semanal de televisão na Folha entre 1998 e 2000.
Fixando-se de vez no Rio a partir de 2000, Telmo afastou-se dos amigos. Podia passar meses sem sair de casa, dormindo de dia e vendo TV de madrugada. A saúde declinou, e Telmo morreu na madrugada de ontem. Nunca se casou e não deixou filhos.