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Análise

Opinião pública reflete efeitos de confusão jurídica e 'condena' STF

MAURO PAULINO DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA ALESSANDRO JANONI DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

Uma leitura superficial dos dados divulgados hoje pelo Datafolha pode levar alguns a seguir o exemplo de ministros do STF ao desqualificar a opinião pública.

Como pode a grande maioria dos paulistanos defender a prisão imediata aos condenados do mensalão se ao mesmo tempo boa parte deles prefere voto favorável do ministro Celso de Mello pela reabertura dos julgamentos?

O aparente paradoxo reflete, na verdade, o emaranhado jurídico que, se nem entre os ministros do STF encontra fácil solução, gera muitas dúvidas também na população.

Evidência disso é a baixa taxa de conhecimento em relação à nova etapa dos trabalhos do STF. Apenas metade dos entrevistados afirma ter tomado conhecimento sobre a possibilidade de reabertura do julgamento e são poucos os que se julgam bem informados sobre a questão.

Como parâmetro, esse índice é bem inferior aos 85% que se dizem cientes sobre o mensalão, por exemplo, e aos 90% que entendem o episódio como um caso de corrupção.

Quanto ao voto de hoje de Celso de Mello, destaca-se a divisão de opiniões nítida em estratos da população com maior dificuldade de acesso à informação --entre os mais velhos, menos escolarizados e com menor renda. Nestes também se verificam as taxas mais elevadas de entrevistados que não conseguem se posicionar sobre o fato.

Focalizando-se apenas os que sabem da possível reabertura do julgamento, cresce o percentual dos que defendem o voto contrário do ministro a uma nova chance aos réus. Entre os que se julgam bem informados, 76% acham que o ministro deveria se colocar contra os recursos.

É claro que não se pode projetar sobre toda a população a posição de um subconjunto de peso quantitativo tão residual. Mesmo que modelos estatísticos e teoremas se atrevessem a fazê-lo, o repertório dos diferentes estratos sociais na decodificação do imbróglio tornaria a análise inconclusiva.

A maior parte dos paulistanos considera ruim ou péssimo o desempenho do STF no episódio e atribui ao órgão nota abaixo da média na condução do caso. A comunicação inadequada e mal traduzida dos debates exclui amplos setores da população.

O que se entendia como um triunfo simbólico da Justiça parece ter se transformado em arranhão institucional, mesmo antes do resultado final.


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