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Rio dará mais indenizações a presos políticos
Governo estadual vai criar comissão para analisar pedidos de perseguidos na ditadura
Uma nova comissão de reparação a presos políticos durante a ditadura militar deve ser criada na próxima semana por decreto do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
A informação foi divulgada ontem pelo secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, na Assembleia Legislativa do Rio, durante cerimônia em homenagem às pessoas que tiveram os direitos violados pelo Estado nesse período.
A primeira comissão de reparação do Estado, criada há dez anos, examinou 1.114 casos --790 obtiveram indenizações. Neste ano 150 famílias de ex-presos políticos receberam R$ 20 mil cada uma.
"O importante é que nós finalizamos todos os pagamentos. Agora, com essa nova comissão, queremos fortalecer o trabalho da Comissão da Verdade", disse Teixeira.
O governo do Estado se compromete a indenizar não só os ex-presos, mas também os que sofreram qualquer coação ou perseguição por motivos ideológicos. Tais violações podem ser comprovadas por meio de fotos, matérias jornalísticas ou documentos.
Vinte e cinco pessoas que receberam indenização participaram ontem da cerimônia na Assembleia, organizada para que o Estado apresentasse um pedido de desculpas formais às vítimas.
"Em vez de pedir desculpas da boca para fora, nós queremos que o Estado promova centros de memórias para que as pessoas não esqueçam das torturas. É preciso que a formação da polícia, das forças de segurança, seja banhada nos Direitos Humanos", disse Vera Vital Brasil, que ficou presa no DOI-Codi durante três meses em 1969, época em que era estudante de farmácia na UFRJ.
Anos depois, Vera Brasil se formou em psicologia e, atualmente, atende ex-presos políticos e familiares de torturados através de um projeto implantado em clínicas do Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul.