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Corregedoria mira bens de 11 servidores em apuração de cartel
Órgão do Estado aponta que patrimônio de envolvidos em licitações do Metrô e da CPTM é incompatível com a renda
Segundo a CPTM, diretor de Operações foi mantido no cargo porque a sua situação já foi esclarecida
Investigação da Corregedoria do governo Geraldo Alckmin (PSDB) levantou suspeitas sobre o patrimônio de 11 funcionários do Metrô e da CPTM e recomendou o afastamento deles de cargos de confiança. Todos têm ligações com contratos e licitações que estão sob suspeita.
Dos 11 investigados, apenas o diretor de operações da CPTM, José Luiz Lavorente, foi mantido no cargo.
O jornal "O Estado de S. Paulo" revelou ontem os nomes de investigados.
A Corregedoria-Geral da Administração estadual, responsável pela investigação da conduta de servidores, iniciou as apurações após a Siemens ter feito delação ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), um órgão federal, em maio.
A multinacional contou que ela e outras companhias formaram um cartel para fraudar licitações de trens em São Paulo entre 1998 e 2008, durante os governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.
A Corregedoria estadual já analisou declarações de Imposto de Renda e elaborou análises financeiras e contábeis sobre o patrimônio de mais de 30 pessoas.
A investigação sobre 11 delas ganhou prioridade após a verificação de patrimônios incompatíveis com suas rendas e omissão sobre posse de bens ao cumprir a obrigação legal de informar suas propriedades ao governo, entre outros problemas.
A Folha revelou no último dia 26 que três dos 11 investigados são proprietários de postos de gasolina, um tipo de negócio que é propício à lavagem de dinheiro porque envolve muito dinheiro vivo e vendas em valores variados.
Nelson Scaglione e Ivan Generoso são donos de um posto de gasolina na zona sul de São Paulo.
Laércio Mauro Biazotti é sócio de um posto com Milena Zaniboni e Aristides Aguiar de Andrade.
O pai de Milena, José Roberto Zaniboni, foi diretor da CPTM e acabou indiciado pela Polícia Federal por causa do recebimento de US$ 836 mil (cerca de R$ 2 milhões hoje) na Suíça, entre 1999 e 2003, do consultor Arthur Teixeira.
O posto foi aberto em 2002. A suspeita da PF é que o dinheiro recebido no exterior tenha sido propina paga pela Alstom para conquistar um contrato da CPTM.
De acordo com a Corregedoria, as recomendações de afastamento têm caráter preventivo e as apurações ainda não foram concluídas.
A CPTM diz que "Lavorente não foi afastado do cargo tendo em vista que sua situação, salvo melhor juízo, foi devidamente esclarecida". Os advogados dos envolvidos negam a prática de crimes.