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Delator do mensalão é preso no Rio e diz que 'caiu de pé'

Jefferson lamentou ter perdido a liberdade, mas negou arrependimentos

Ex-deputado é o vigésimo dos 25 condenados no processo que teve prisão decretada

ITALO NOGUEIRA EM LEVY GASPARIAN (RJ)

Passados pouco mais de três meses desde que o STF (Supremo Tribunal Federal) decretou as primeiras prisões do processo do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), delator do esquema, foi detido ontem em Levy Gasparian, cidade a 150 quilômetros do Rio.

Levado para a capital, foi examinado no IML (Instituto Médico Legal) e passou pelo presídio Ary Franco (zona norte). Dali saiu vestido com o uniforme da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, uma camiseta verde com a sigla do órgão, e com os cabelos cortados.

Seguiu então para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que funciona dentro do complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste, para uma avaliação completa de seu estado de saúde.

De lá, foi transferido à noite para o Instituto Penal Coronel PM Francisco Spargoli Rocha, em Niterói, onde cumprirá sua pena. O local teria melhores condições de atendê-lo, já que ele se recupera de um câncer no pâncreas.

Minutos antes de ser levado para o Rio em um carro da Polícia Federal, Jefferson disse lamentar a perda da liberdade, mas afirmou não se arrepender de ter delatado o esquema do mensalão.

"Caí de pé. Minha música é My way' [música que virou um clássico na voz de Frank Sinatra]. Não me rendi, não me ajoelhei e fiz da minha maneira. [...] Faço o bem. Não sou melhor do que ninguém. Mas não foi a toa que fui eleito por seis vezes deputado federal", disse ele.

"O homem tem que procurar acertar para não perder a liberdade. O valor supremo da vida é a liberdade. Lutem para manter a de vocês", completou Jefferson, ao lado da esposa Ana Lúcia.

Condenado a sete anos e 14 dias de prisão em regime semiaberto pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mais o pagamento de R$ 720,8 mil em multas, o ex-deputado assinou seu mandado de prisão às 12h21. Ele agradeceu aos agentes da Polícia Federal, que permitiram que ele tomasse banho, trocasse de roupa e almoçasse antes de seguir para o Rio.

BÍBLIA

Na bagagem, disse que levava dois livros, sem revelar seus títulos, e a Bíblia. "Vou ter tempo [para pensar]", disse, sobre seu futuro político.

Desde a madrugada de sábado agentes da Polícia Federal faziam plantão na porta de Jefferson, aguardando o mandado de prisão. Domingo ele saiu em sua moto Harley Davidson para aproveitar "os momentos finais de liberdade". Ontem disse que sentirá falta de guiar a moto.

"O importante da Harley é o sentimento de liberdade. Não é a chegada o mais importante, mas sim a jornada. A liberdade é fundamental na vida do ser humano. E eu estou perdendo a minha."

Ele voltou a afirmar crer que o país melhorou após o caso do mensalão, revelado pelo ex-deputado em entrevista à Folha em 2005.

Jefferson é o vigésimo dos 25 condenados a ter prisão decretada --outros três tiveram a pena convertida em restrição de direitos, multas e prestação de serviços e dois aguardam julgamento de recurso pelo único crime ao qual foram condenados.


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