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Entrevista Deputado Eduardo Cunha

Presidente faz má política, a política do confronto

INTERESSE DO GOVERNO NEM SEMPRE 'É BOM', AFIRMA LÍDER DO PMDB

NATUZA NERY ANDRÉIA SADI DE BRASÍLIA

Pivô da mais tensa crise de Dilma Rousseff com o Congresso, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), afirmou abertamente à Folha o que muitos aliados do governo dizem nos bastidores: "A presidente faz política, mas a má política, a política do confronto."

Expoente do "blocão", grupo de congressistas de diversos partidos que, em votações, se posiciona contra o governo, ele reserva críticas fortes ao PT: diz que a sigla não tem projeto de aliança, mas de hegemonia''.

Leia trechos da entrevista:

Folha - Dilma aceitou dois nomes do PMDB para ministérios. A bancada está satisfeita?

Eduardo Cunha - A presidente não aceitou dois nomes do PMDB, ela indicou dois nomes dela. Se for do PMDB, será por acaso. A bancada abriu mão, disse que não queria indicar, não indicou.

Não indicar significa romper?

Rompimento é outra coisa. Continuamos na base. O PMDB não vai participar de votação que prejudique as contas públicas. O que a gente colocou é que havia especulação pública por cargos. Como se o PMDB estivesse brigando para ter mais cargo, menos cargo. Aquilo estava incomodando a bancada. A decisão foi: cansamos de sermos bancados como fisiológicos.

Mas este é o histórico de imagem do PMDB.

Não desta bancada.

O sr., hoje, tem liderança maior que a do PMDB. Há deputados de outros partidos que ouvem suas orientações.

Vamos falar do batizado blocão'. No momento que a bancada do PMDB na Câmara decidiu não indicar nomes, surgiu um movimento de revolta de partidos da base para com o processo hegemônico do PT. Houve uma confluência de visões e interesses de que todos são queixosos.

O problema do PMDB é Dilma?

Não tenho condição de te responder se ela é o problema.

Quem provocou a crise?

O presidente do PT, quando quer colocar na gente pecha de fisiologista atrás de cargos e outros tipos de favores.

Não é a primeira vez que vocês são chamados de fisiológicos.

E eu reagi. Só que no meio desse processo que estamos vivendo de uma reforma ministerial que está se arrastando há seis meses, na qual o PMDB está sendo execrado em praça pública como pedinte de cargo, o que não é.

Na última reunião de Dilma, Lula e equipe, ficou definido como estratégia isolar o sr.

Não é uma superdimensão do meu papel? Será que não estão buscando centrar no inimigo algo que não existe para disfarçar a raiz do verdadeiro problema? Quando Rui Falcão [presidente do PT] fala em chantagem, toma lá, dá cá, o que ele tem a dizer do que eles oferecem a outros partidos para cooptar? Ou você acha que determinado partido deixou aliança porque foi convencido, achou bonito, ou porque foi cooptado? Isso não é toma lá, dá cá?

Existe risco de rompimento?

Só a convenção pode dizer.

Os ministros que cuidam da articulação são hábeis?

Quem cuida da articulação política? Preciso saber primeiro, é bom me informar. Não sei quem está fazendo articulação. Se alguém não está fazendo, é porque a presidente não delegou. É uma variação daquele filme: Atenção, senhores passageiros, o articulador político sumiu'.

Dilma não faz política?

Faz política, mas a má política, a política do confronto.

Como fazer para o PMDB perder a imagem de fisiológico?

É ter um candidato a presidente e ganhar eleição.

Não é entregar cargos e manter apoio a projetos de interesse do governo?

Interesse do governo não necessariamente é bom. A bancada fez exatamente isso, entregou os cargos.

O seu aliado Fábio Cleto segue vice-presidente da Caixa.

A bancada não decidiu que ia entregar os cargos existentes, decidiu que não indicaria ministros agora.

Então a bancada é só metade fisiológica?

Da minha parte pode entregar todos, se for essa a vontade da bancada. A bancada até quis deliberar isso, se você quer saber. Optar por entregar os cargos aí sim significa ruptura. Os espaços mínimos que o PMDB ocupa no governo, inferiores ao que tinha com Lula quando nem fazia parte da aliança eleitoral, assim são porque apoiamos a eleição. Isso não é fisiológico. O que é fisiológico é fazer toma lá, dá cá. Por isso temos que disputar a presidencial.

E há candidato?

Infelizmente, não.


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