Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Câmara dará espaço a visões opostas sobre golpe

Críticos e defensores da ditadura falarão em sessão para lembrar movimento de 1964

MÁRCIO FALCÃO RANIER BRAGON DE BRASÍLIA

A Câmara dos Deputados decidiu promover uma sessão solene no início de abril para lembrar os 50 anos do golpe de 1964, abrindo espaço tanto para os defensores quanto para os críticos da ditadura militar.

Um dos nomes que lutaram pela redemocratização do país, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) apresentou requerimento sugerindo sessão para homenagear "civis e militares que resistiram à ditadura, consagrada à reflexão sobre o significado da luta pela democracia e sobre a herança autoritária ainda por enfrentar e superar plenamente em nosso país".

A deputada ainda sugeriu que a Câmara promova o "ano da democracia, da memória e do direito à verdade", com uma série de eventos para lembrar o período.

Em outra frente, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), um dos principais defensores da ditadura militar, pediu sessão para comemorar o regime e seus "feitos".

Para evitar uma saia justa, o comando da Câmara decidiu fazer uma sessão, no dia 1º de abril, deixando espaço para os dois lados.

O tema é sensível para o Congresso. No ano passado, na presença dos chefes das Forças Armadas e da presidente Dilma Rousseff, o Congresso devolveu, simbolicamente, o mandato do presidente João Goulart (1919-1976), deposto pelo golpe.

Antes, os parlamentares anularam a sessão do Congresso de 2 de abril de 1964 que viabilizou o golpe ao declarar vaga, na ocasião, a Presidência da República.

A Folha apurou que, em 2013, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), chegou a vetar um pedido de Bolsonaro para realização de uma exposição fotográfica sobre o período militar. O pai de Alves foi um dos 173 deputados que tiveram o mandato cassado pelo regime entre 1964 e 1977, ao longo de quatro legislaturas.

Bolsonaro prepara para a sessão de abril um discurso de meia hora e disse que vai aproveitar o alcance da TV Câmara para "desmistificar o que foi o período militar".

Um dos convidados do deputado é o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-Codi em São Paulo e é considerado um dos símbolos da tortura praticada pelos militares.

Para ele, não há constrangimento em levar para dentro do Congresso a defesa do golpe. "Aqui não é a casa da democracia, que vale o contraditório, que todos têm direito de se expressar? Eu não vou falar da minha cabeça, vou mostrar os fatos", disse.

Para Erundina, a Câmara foi a instituição mais atingida pelos atos institucionais da ditadura. "A memória viva da resistência contra o arbítrio ditatorial é a melhor homenagem [que se pode] prestar à democracia ainda e sempre em construção", afirmou.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página