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País atrai 5% do fluxo global de investimentos produtivos

Participação do Brasil aumenta mais rápido que a de outros países emergentes

Apelo do mercado doméstico e interesse por recursos naturais fazem crescer apetite de investidor estrangeiro

ÉRICA FRAGA
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

O Brasil aumentou de forma significativa na última década sua capacidade de atrair investimentos produtivos de empresas estrangeiras.

O país deverá receber mais de 5% do total de novos recursos aplicados por multinacionais em todo o mundo, de acordo com projeções da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos e Empresas Transnacionais).

É pouco perto dos mais de 17% que serão destinados à China. Mas é o dobro do que o Brasil conseguiu atrair na década passada, em média.

O bom desempenho da economia brasileira em meio à crise que afeta o mundo desde 2008 ajuda a explicar o salto no valor dos investimentos estrangeiros destinados ao país.

"Houve uma mudança de destino dos investimentos no mundo a favor de países em desenvolvimento nos últimos anos", afirma o economista Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet.

Analistas estimam que o fluxo de recursos produtivos recebidos pelo Brasil atingirá US$ 65 bilhões neste ano, um aumento de 35% em relação ao ano passado.

A Sobeet calcula que o fluxo mundial de investimentos estrangeiros aplicados no setor produtivo ficará estável neste ano, próximo de US$ 1,2 trilhão.

Projeções da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit) indicam que o poder de atração exercido pelo Brasil sobre esses recursos aumentou 250% desde 2006, mais do que em outras economias emergentes.

O Brasil também recebeu neste ano bilhões de dólares na forma de empréstimos e aplicações em ações e outros investimentos financeiros, mas os recursos produtivos foram os que mais cresceram.

Esse crescimento acelerado gerou suspeitas de que parte do dinheiro teria sido trazido pelas empresas de maneira disfarçada, para driblar impostos cobrados sobre aplicações financeiras.

Os recursos teriam entrado no Brasil como se fossem destinados à aquisição de empresas nacionais ou à ampliação de fábricas no país, mas teriam sido usados para lucrar com as elevadas taxas de juros praticadas no Brasil.

Mas os analistas acreditam que operações dessa natureza foram muito raras e atribuem o interesse dos investidores estrangeiros às transformações sofridas pelo mundo e pela economia brasileira nos últimos anos.

A expansão da classe média no Brasil contribuiu para atrair investidores interessados em explorar o potencial do mercado de consumo doméstico, segundo o consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior.

O setor financeiro e a indústria de alimentos e bebidas estão entre as áreas que mais receberam recursos externos desde 2005, de acordo com o Banco Central.

A forte demanda da China e de outros países emergentes por minérios e produtos agrícolas é outra explicação.

"O fato de a China ter se tornado um importante investidor externo contribuiu para o recente aumento de investimentos no Brasil", afirma Robert Wood, analista da consultoria EIU.

Embora a economia brasileira continue atraindo grande volume de investimentos estrangeiros, analistas esperam uma queda em 2012 por causa do agravamento da crise externa.

Levantamento feito pela Sobeet com base em informações do jornal britânico "Financial Times" indicam uma perda de fôlego nos anúncios de novos investimentos produtivos para o Brasil.

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