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Executivo que fez parecer sobre refinaria é afastado

Nestor Cerveró deixou o cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora

Ex-diretor internacional da Petrobras elaborou documento que permitiu compra de unidade em Pasadena

SAMANTHA LIMA DO RIO

Responsável pelo documento que embasou a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, considerado "falho" pela presidente Dilma Rousseff, o engenheiro químico Nestor Cerveró foi afastado ontem do cargo que ocupava no grupo Petrobras.

Cerveró era diretor internacional da estatal à época do negócio, hoje investigado por três instâncias. Desde 2008 ele ocupava cargo de diretor financeiro da subsidiária BR Distribuidora.

A decisão de afastá-lo da BR foi tomada pelo conselho da subsidiária, que se reuniu na tarde de ontem em São Paulo. Segundo a coluna "Painel" de ontem, a demissão de Cerveró é uma tentativa do Planalto de circunscrever ao ex-diretor as falhas no processo de compra da refinaria, que teve aval da presidente, conforme revelou o "Estado de S. Paulo" nesta semana.

O executivo está em viagem ao exterior e não retornou nenhum pedido de entrevista feito pela Folha.

Na função que ocupava anteriormente, como diretor da área internacional da Petrobras, Cerveró apresentou ao conselho de administração a proposta para compra dos 50% iniciais na refinaria de Pasadena, no Texas, da Astra Oil, em fevereiro de 2006.

Pela participação, a estatal pagou US$ 360 milhões. Um ano antes, a Astra Oil havia comprado 100% da empresa por US$ 42,5 milhões.

Questionada sobre o aval à compra, Dilma disse que baseou-se em um relatório falho, que omitia condições importantes do contrato.

Uma delas era a obrigatoriedade de a Petrobras comprar os 50% restantes em caso de divergência com a Astra --o que aconteceu poucos meses depois de fechado o negócio.

Outra era a que forçava a Petrobras a garantir rentabilidade mínima ao sócio mesmo quando as condições de mercado piorassem.

O tom da resposta de Dilma gerou mal-estar na Petrobras, tensão no Executivo e corrida no Congresso para a aprovação de uma CPI em pleno ano eleitoral para investigar o caso.

Cerveró foi afastado do cargo de diretor da área internacional da Petrobras em março de 2008, quando ficou claro para o conselho da estatal, ainda com Dilma à frente, que a compra da refinaria tinha sido um mau negócio.

Cerveró foi abrigado na diretoria financeira da BR. A Petrobras, em seguida, entrou em disputas arbitral e judicial com a Astra. Em 2012, a estatal foi obrigada a desembolsar US$ 820,5 milhões pela segunda metade da empresa e encerrar a disputa.

A indicação de Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras, logo que Lula chegou à Presidência, em 2003, foi feita em conjunto por PT e PMDB.

Nos três anos anteriores, ele havia trabalhado como gerente na Diretoria de Gás e Energia da Petrobras, setor da empresa comandado até 2002 pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) --que deixou o cargo após ser eleito para o Senado.

Amaral admite ter dado aval ao nome de Cerveró para a diretoria internacional após, segundo ele, ter sido consultado por "membros do governo", mas alega que ele era "apadrinhado" do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Renan, por sua vez, nega ter indicado Cerveró. Nenhum dos dois partidos admite publicamente tê-lo indicado para o cargo.

O cargo de diretor financeiro será acumulado pelo presidente da BR, José Lima de Andrade Neto.


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