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Autonomia dos diretores da estatal incomodava Dilma

Considerada 'intervencionista', petista reclamava de decisões tomadas sem aval da presidência da Petrobras

Contenção do preço dos combustíveis para tentar segurar a inflação prejudicou o caixa da empresa

VALDO CRUZ NATUZA NERY DE BRASÍLIA

Centro da crise que atingiu o governo na semana passada, a Petrobras, usina de dor de cabeça para a presidente Dilma Rousseff, sempre foi vista pela petista como uma empresa a ser controlada sob rédeas curtas.

Segundo avaliação de assessores de Dilma, as interferências políticas estão na raiz dos problemas gerados pela petroleira nos últimos anos.

Conforme a Folha apurou, Dilma reclamava que os diretores da empresa tinham autonomia demais. Entre eles, Nestor Cerveró, envolvido na polêmica sobre a compra da refinaria de Pasadena e que foi afastado do cargo que ocupava na BR Distribuidora na sexta-feira, e Paulo Roberto da Costa, preso pela Polícia Federal na quinta-feira.

Alguns dos executivos, segundo comentários de Dilma, tomavam decisões sem comunicar até mesmo à presidência da empresa. Esse modelo de gestão, segundo assessores de Dilma, é de elevado risco e tem relação com a lista de problemas criados pela empresa nos últimos anos.

A compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006, é um deles. No total, a Petrobras foi levada a desembolsar US$ 1,18 bilhão pela refinaria a uma empresa belga.

Preocupada em se defender de acusações de ter aprovado uma operação suspeita de irregularidades, sob investigação de três instâncias, a presidente Dilma gerou uma crise ao divulgar uma nota vista como tentativa de eximir-se de responsabilidade no episódio.

DORES DE CABEÇA

Além de Pasadena, estão na lista de dores de cabeça geradas pela estatal a construção da refinaria Abreu e Lima (PE), numa associação fracassada com a Venezuela, e as recentes acusações de que uma empresa holandesa pagou propina a funcionários da Petrobras.

Dilma assumiu a Presidência disposta a remodelar o estilo de comando da estatal. Tirou da presidência José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras durante boa parte da gestão Lula, para colocar no seu lugar uma dirigente de sua total confiança, Maria das Graças Foster.

Ela assumiu com a orientação da presidente de afastar todos os diretores indicados por aliados políticos do governo. No lugar dos apadrinhados do PMDB, PP, PTB e PT, colocou técnicos de sua total confiança.

A indicada de Dilma fez também críticas à gestão anterior de Gabrielli. A principal delas atingiu a construção da refinaria Abreu e Lima, projeto bancado pelo ex-presidente Lula.

Para Graça Foster, a refinaria é "uma história a ser aprendida, escrita e lida pela companhia, de tal forma a que não seja repetida". Orçada inicialmente em R$ 2 bilhões, seu preço final pode bater em R$ 20 bilhões.

As críticas e mudanças no estilo de comando da estatal incomodaram os aliados do ex-presidente Lula, que, em reação, criticam reservadamente o que classificam de "estilo intervencionista" de Dilma na Petrobras.

A maior reclamação está na contenção de preços dos combustíveis, estratégia para tentar segurar a inflação, que prejudicou o caixa da empresa e levou a uma forte alta da sua dívida.


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