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Pivô de crise ganhou elogios de conselheiros da Petrobras

Cerveró é responsável por parecer tido como 'falho' na compra de refinaria

No mesmo dia em que conselho soube de omissões no relatório, ele foi transferido para subsidiária da estatal

ANDRÉIA SADI VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

Pivô da crise na Petrobras, Nestor Cerveró ganhou um prêmio de consolação e recebeu elogios do Conselho de Administração da estatal no mesmo dia em que Dilma Rousseff diz ter tomado conhecimento de cláusulas omitidas por ele à época da aprovação da compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006. O conselho era então presidido por Dilma (também ministra da Casa Civil).

Na reunião, em 3 de março de 2008, os conselheiros decidiram transferir Cerveró da diretoria internacional da estatal para a diretoria financeira da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

O registro do encontro, de número 1.301, diz que o conselho "resolveu consignar em ata os agradecimentos do Colegiado ao Diretor [Cerveró] que ora deixa o cargo pelos relevantes serviços prestados à Companhia, ressaltando sua competência técnica e o elevado grau de profissionalismo e dedicação demonstrados no exercício do cargo".

Naquele mesmo dia, segundo nota divulgada na semana passada pelo Palácio do Planalto, o conselho da Petrobras tomou conhecimento da existência de duas cláusulas no contrato da compra da refinaria nos EUA que, se fossem conhecidas à época, não teriam garantido a aprovação do negócio. Polêmica, a compra da refinaria é hoje tida como um mau negócio, investigado por três instâncias.

Uma das cláusulas, a "Put Option", determinava que um sócio devia comprar a parte do outro em caso de divergências. Já a cláusula Marlim definia rentabilidade mínima garantida à belga Astra Oil, parceira da Petrobras no negócio em Pasadena.

Ex-diretor da área internacional da Petrobras, Cerveró é apontado como o responsável pelo resumo chamado pelo Planalto hoje de "técnica e juridicamente falho'', que não trazia a informação das duas cláusulas. O resumo foi apresentado na reunião de 2006 do Conselho de Administração, que aprovou a compra da refinaria.

Cerveró permaneceu na diretoria da BR Distribuidora até a última sexta-feira, quando foi afastado do cargo, oito anos depois da aprovação da polêmica operação.

Questionado pela Folha sobre o motivo de Cerveró não ter sido demitido quando Dilma soube das cláusulas, o Planalto disse que "ele perdeu a diretoria da holding Petrobras e foi transferido para uma subsidiária" naquela data.

O governo também disse que, em reunião de 20 de junho de 2008, "a diretoria executiva esclareceu ao Conselho de Administração cláusulas contratuais referentes à compra da refinaria de Pasadena que não constaram do resumo executivo que orientou a decisão de aquisição em 2006. As cláusulas, portanto, não haviam sido aprovadas pelo conselho". A Petrobras não quis comentar.

Segundo a Folha apurou, a saída de Cerveró da Petrobras em 2008 esteve mais relacionada com negociações políticas do que com a avaliação sobre sua gestão.

PRESSÃO POLÍTICA

Cerveró só foi realocado para a BR Distribuidora para atender a pressões do PMDB na Câmara. O partido queria espaço na Petrobras para um indicado de sua cota. Os peemedebistas indicaram ao cargo Jorge Zelada, que ocupou a função de diretor internacional até 2012.

Um assessor que acompanhou as negociações na época destaca que o ex-diretor ganhou elogios do conselho exatamente porque estava saindo mais por questões políticas do que técnicas. Daí ele ter sido "compensado" com outro posto importante dentro do grupo Petrobras.


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