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Para belgas, Pasadena valia 30% menos

Diretor de ex-sócia da Petrobras disse que esperava valor inferior ao oferecido por estatal

DE SÃO PAULO DO RIO DE NOVA YORK

Os diretores da belga Astra Oil, ex-sócia da Petrobras na refinaria da Pasadena (EUA), calculavam que sua fatia do negócio valia 30% menos do que os US$ 787,7 milhões oferecidos pelo diretor da área internacional da estatal brasileira, Nestor Cerveró.

Numa troca de e-mails com sua equipe em novembro de 2007, a que a Folha teve acesso na Justiça do Texas, Mike Winget, presidente da Astra, dizia que "a put valia cerca de 550 milhões [de dólares]".

A "put" era um mecanismo previsto em contrato que garantia aos belgas vender sua parte à Petrobras em caso de conflito. A estatal não tinha o mesmo benefício.

"Não ficaria surpreso se eles descobrirem que a refinaria não vale os US$ 650 milhões que ofereceram. Como referência, a put" está valendo cerca de US$ 550 milhões", disse Winget a sua equipe.

"Pode apostar que o Alberto [Alberto Guimarães, presidente da Petrobras Americas na época] está pregando para o Rio [sede da estatal] que a refinaria não vai fazer dinheiro esse ano e não vale nem US$ 650 milhões", afirmou Terry Hammer, diretor de operações da Astra, na mesma troca de mensagens.

Os belgas estavam pessimistas porque os negócios da refinaria não iam bem. Para a Astra, os gastos estavam fora de controle em uma "hemorragia de dinheiro que chega a um nível de crise".

A Petrobras tornou-se sócia dos belgas em 2006, quando comprou 50% da refinaria. O negócio hoje é nebuloso e voltou à tona após a presidente Dilma, que presidia o Conselho de Administração na época, dizer que só aprovou a primeira fase do negócio por desconhecer detalhes.

Em 2008, Dilma barrou a oferta de Cerveró para comprar os 50% restantes e levou o processo para a Justiça. Após quatro anos, a estatal foi condenada a pagar US$ 820,5 milhões aos belgas, incluindo estoques, multas e honorários de advogados.

A oferta de Cerveró foi feita à Astra em dezembro de 2007, antes de ser apresentada ao Conselho de Administração, e previa compra da refinaria por US$ 700 milhões e da trading de petróleo e estoques por US$ 87,7 milhões.

Um mês antes, Cerveró disse aos executivos da Astra que a estatal estava disposta a pagar entre US$ 620 milhões e US$ 650 milhões. Os belgas pediram US$ 800 milhões, mas não acreditavam que levariam esse valor.

Nos e-mails, Winget deixa claro à sua equipe que a refinaria "nunca fez um centavo". Nas mensagens, executivos da Astra se referem a Cerveró como alguém próximo com quem falavam para "tirar o pulso" da situação.

Cerveró foi demitido do cargo quando o conselho soube da proposta feita à Astra e foi nomeado para a diretoria financeira da BR Distribuidora, cargo que só perdeu há dez dias. Procuradas, Petrobras, Astra e Cerveró não se pronunciaram.


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