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Planalto tenta impedir instalação de CPI
PT aponta ilegalidade em investigação da Petrobras e apresenta requerimento com temas sensíveis à oposição
Renan marcou para hoje decisão sobre questionamento de governistas que pode anular a comissão
Em manobra articulada pelo Palácio do Planalto, PT e PMDB montaram uma operação para tentar inviabilizar a CPI da Petrobras, protocolada pela oposição no Senado.
A estratégia governista foi executada em duas etapas. Primeiro, a senadora Glesi Hoffmann (PT-SP) questionou a legalidade da CPI proposta pelo PSDB.
Depois, o senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou um outro pedido de CPI, englobando as investigações solicitadas pela oposição, como a compra da refinaria de Pasadena (nos EUA), e temas que atingem o PSDB, do senador Aécio Neves (MG), e o PSB, do governador Eduardo Campos (PE), adversários da presidente Dilma na campanha presidencial deste ano.
Aliado do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), marcou para hoje uma decisão sobre o questionamento de Gleisi, que disse faltar à CPI proposta pelos oposicionistas um "fato determinado" para ser investigado, o que é obrigatório para a instalação de uma comissão de inquérito.
Se Renan acatar o argumento do PT, as duas comissões serão arquivadas automaticamente. Caso rejeite o pedido da ex-ministra da Casa Civil, o Senado deve instalar a CPI dos governistas com o argumento de que tem escopo mais amplo.
A diferença entre os dois pedidos é que o da oposição mira apenas a Petrobras, enquanto o dos aliados de Dilma estende as investigações ao cartel do Metrô em São Paulo e no Distrito Federal, a construção do Complexo de Suape (PE) e a Cemig, empresa energética de Minas.
No seu pedido, a oposição afirma que a CPI vai investigar a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, o suposto superfaturamento de refinarias, irregularidades em plataformas e a suspeita de que uma empresa holandesa pagou propina a funcionários da estatal.
No total, 32 senadores de partidos aliados assinaram o pedido de criação da nova CPI proposta pelo PT. A oposição ficou irritada com a manobra.
Considerado pelo Congresso Nacional um conhecedor de segredos da Petrobras, o ex-diretor da estatal Nestor Cerveró distribuiu ontem carta a deputados e senadores anunciando que está disposto a falar à Polícia Federal o que sabe sobre a compra da refinaria de Pasadena.
Cerveró foi apontado pelo Planalto como o responsável pela nota técnica considerada incompleta e que fundamentou a aprovação da compra da refinaria pelo Conselho de Administração da Petrobras em 2006, quando era presidido por Dilma. Na semana passada, ele foi demitido da BR Distribuidora.