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Parecer aponta omissão da Caixa em fraude

Relatório sobre apagão, que pode gerar perda de R$ 1 bi, acirra disputa entre PT e PMDB no comando do banco

Investigação interna aponta que problema no sistema perdurou por mais de um ano por culpa de área do PMDB

NATUZA NERY
DIMMI AMORA
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

O relatório de investigação interna da Caixa Econômica Federal para apurar as causas de um apagão entre 2008 e 2009 em seu sistema apontou falhas gerenciais e "conduta omissiva" no banco.

As conclusões dessa apuração foram o estopim para azedar de vez o clima entre as alas do PT e do PMDB que estão no comando da Caixa.

O apagão, como a Folha revelou no domingo, permitiu que uma empresa do Rio vendesse contratos de baixo ou nenhum valor por valores acima dos de mercado.

À Caixa cabia zelar pelo registro de dívidas que esses papéis mantinham junto à União. Mas os papéis acabaram vendidos sem as dívidas, o que projeta um dano aos cofres públicos porque é o governo que os garante.

O problema nos computadores atingiu R$ 1 bilhão em papéis, segundo a auditoria interna feita pela Caixa entre julho e outubro de 2011.

A reportagem teve acesso ao relatório e a comunicações posteriores à conclusão da investigação, que foi pedida pelo presidente da Caixa, Jorge Hereda, indicado pelo PT.

O resultado da auditoria opôs o PT de Hereda ao PMDB do vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias do banco, Fábio Cleto, e do atual ministro Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), que, à época do problema, era o titular de Loterias da Caixa.

CULPA NO PMDB

A investigação apontou que a culpa maior pelo problema foi de uma empresa terceirizada, mas também atribui papel relevante, embora "com atenuantes", à área de gestão do banco.

O relatório descreveu um erro "culposo" (sem intenção) da terceirizada TI Stefanini. A companhia fora contratada pela Vice-Presidência de Tecnologia da Informação da Caixa, à época comandada por um grupo do PT.

Mas a auditoria relatou que o problema perdurou porque a Gerência de Fundos de Governo não tinha controle sobre o que era produzido.

O documento disse que a Caixa não tinha "ferramentas de controle gerencial confiáveis". A gerência é área sob controle do PMDB.

Sobre os gestores, que não foram nomeados, o relatório interno afirmou que "houve falha no controle e na conferência dos dados", o que "concorreu para que o sistema fosse processado por quase um ano sem que o problema fosse detectado".

CULPA NO PT

Depois de receber os resultados, Fábio Cleto contestou as conclusões. Ou seja, no entender de setores do PMDB, a auditoria responsabilizou mais a área peemedebista do que um setor loteado ao PT.

Ao ler o relatório, Cleto classificou-o de "limitado" e apontou seis deficiências no trabalho, segundo um informe assinado por ele.

O vice-presidente de Loterias reclamou que a apuração tenha silenciado sobre a comunicação feita pela Postalis, também sob controle do PMDB -foi o fundo de pensão dos Correios que notificou a Caixa dos problemas no sistema.

Para Cleto, a comissão de apuração não poderia ter dito que o erro da terceirizada não fora intencional.

DEFESA

As críticas ao relatório geraram uma resposta do comando da Caixa, que defendeu o resultado.

O banco afirmou que outros aspectos do caso já estavam sendo investigados pela Polícia Federal e pela própria área sob o comando de Cleto, cobrando-lhe, inclusive, rapidez na conclusão.

A revelação do caso pela Folha levou o Palácio do Planalto a tentar apaziguar a crise, temendo um racha entre os dois principais partidos de sua base aliada e a instalação de uma CPI no Congresso.

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