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Mercado - em cima da hora

Ex-banco de Silvio Santos contesta CDB sob suspeita

PanAmericano vai à Justiça para não pagar R$ 22 mi por títulos

Empresário teria, no total, R$ 5 bi a receber; juros chegaram a 697% ao ano, ante uma taxa de mercado de 12%

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O PanAmericano apresentou ontem à Justiça pedido para não pagar R$ 22 milhões por CDBs (Certificado de Depósito Bancário) suspeitos de fraude vendidos ao empresário Adalberto Salgado Jr, de Juiz de Fora (MG).

O empresário fez o negócio quando a instituição ainda estava sob controle do Grupo Silvio Santos e teria direito de receber até R$ 5 bilhões no total, segundo cálculos do advogado do PanAmericano.

No contrato, Adalberto Salgado Jr. negociou juros que chegaram a 697% em 315 dias, taxa considerada "irreal" (à época, a taxa de mercado era de 12% ao ano) pela PF, que investiga o rombo de R$ 4,3 bilhões na instituição.

Para não pagar os CDBs, o PanAmericano pediu uma decisão provisória da Justiça, que analisa o caso.

De acordo com Sergio Bermudes, advogado do PanAmericano, o empresário adquiriu dois lotes de CDBs para serem resgatados até 2027.

O empresário também tem títulos de prazos menores.

E-MAILS

Salgado Jr. foi ouvido pela Polícia Federal e negou ter participado de esquema para desviar dinheiro do banco.

E-mail interceptado pela PF, datado de março de 2009, mostra que os antigos dirigentes do banco temiam que a Caixa Econômica Federal, que comprou 36% do banco em dezembro de 2009, identificasse os CDBs.

"Wilson, essa operação do Adalberto vai chamar a atenção (...) da CEF, não acha? Penso que é capaz que, pelo valor, colocar [sic] em risco o negócio. Veja que a primeira coisa que vão olhar são os empréstimos grandes e este vai ser um dos maiores", afirmava Rafael Palladino, então presidente do banco, em e-mail para Wilson de Aro, ex-diretor financeiro.

Para evitar que Caixa descobrisse o caso, os ex-diretores do banco tentaram quitar os títulos antes da venda. A regularização do contrato ocorreu só em junho de 2010, quando a Caixa tinha quase concluído o pagamento pelos 36% do PanAmericano.

Colaboraram JULIO WIZIACK, FLÁVIO FERREIRA e TONI SCIARRETTA, de São Paulo

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