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Janio de Freitas

OU isso OU aquilo

Texto ruim da Constituição não ajuda a resolver embate sobre a criação e o alcance da CPI sobre a Petrobras

O embate em torno da criação de uma CPI, ou não, e de que CPI se trataria --só da Petrobras ou também sobre a corrupção do metrô e dos trens paulistas-- dá, enfim, a impressão de que existe vida parlamentar no atual Congresso, e não só transações variadas. Ilusório embora, é um serviço de utilidade para o ano eleitoral, quando moradias de áreas ricas já expõem faixas contra o voto. Ou seja, mais agravam, e não por acaso, do que melhoram.

A própria questão em debate é interessante. Não só porque governistas e oposição têm argumentos consideráveis. Os primeiros, para atenuar a fragilidade da Petrobras e seus efeitos eleitorais, os outros, para evitar que a corrupção no seu lado os iguale na CPI ao que atacam. Além desse aspecto do confronto, em que o essencial desaparece, a disputa jurídica projeta-se para CPIs futuras.

A decisão da ministra Rosa Weber, entre os recursos das duas correntes ao Supremo Tribunal Federal, será necessariamente polêmica. Primeiro, porque o STF já reconheceu que não pode interferir em ações típicas do procedimento parlamentar. Definir o alcance temático de uma CPI está em tal caso, como o presidente do Congresso defende no STF, ou não, como sustentam os oposicionistas?

Não adianta buscar auxílio na Constituição. O seu texto ruim alimenta o problema. Diz ele, a propósito da criação de "comissões permanentes e temporárias" do Congresso, que sejam "constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento OU no ato de que resultar sua criação". "OU": o regimento e o ato de criação da CPI, por aquele texto, têm igual autonomia para determinar a forma e as atribuições de uma CPI.

Para aumentar a discussão, o mesmo artigo diz, mais abaixo, que Câmara e Senado podem criar CPI "para a apuração de fato determinado". Essa expressão "fato determinado", que há décadas provoca discussão inconsequente, no caso significa a Petrobras isoladamente ou pode designar, do mesmo modo, o "fato determinado" da corrupção similar em entidades similares do Estado?

Em uma ou em outra decisão do STF, a CPI, se constituída, incluirá a Petrobras. Não seria mal, então, que em alguma altura fosse lembrada no inquérito a tentativa de mudança do nome Petrobras para Petrobrax, seu pretendido custo fortunoso e a real finalidade da qual seria o primeiro passo. Coisas que o governo Fernando Henrique e o PSDB quiseram e, malsucedidos, não deixaram que uma CPI investigasse. Nem, muito menos, a Polícia Federal.

EM TEMPO

Em exame no governo, a ideia de entregar às concessionárias de aeroportos a checagem de passaportes conviria não só a Guarulhos, origem da proposta, mas a todos os outros que servirão à Copa. Anormalidade não seria, porque parte desse serviço já é feito por empresa privada. Resolveria a carência de funcionários e liberaria policiais para atividades mais produtivas.

E, nesta altura, teria o caráter preventivo que tem faltado à "segurança" para a Copa: os agentes da PF informam sua determinação de paralisar a checagem nos aeroportos quando os torcedores estrangeiros comecem a chegar.

Perturbação interessada ou prevenção logo aplicada.


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