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Mais conhecido como Freddie, Mercadante dá 'a real' a Dilma

NATUZA NERY DE BRASÍLIA

"Freddie Mercury está com a presidente Dilma há horas", exclama um assessor, fazendo galhofa com o volumoso bigode do chefe.

O dono da marca registrada é Aloizio Mercadante, petista que jamais integrou o ministério nos tempos de Lula e já está na sua terceira e mais importante pasta do governo dilmista: a Casa Civil.

Na gerência do Executivo, mudou o estilo da "cozinha do Planalto". Enxugou as reuniões técnicas, passou a cuidar dos assuntos mais gerais e começou a apitar na estratégia política do governo, função da qual sua antecessora no cargo, Gleisi Hoffmann, se mantinha alheia.

Os encontros com a equipe não costumam mais passar de duas horas, e isso se o assunto for muito delicado.

Prefere despachar diretamente com ministros e pede sigilo de tudo. Sabe que vazamentos de informação irritam a presidente. Tanto que segue à risca a ordem de não falar com a imprensa, a não ser com aval superior.

Hoje o mais influente auxiliar presidencial, as críticas ao petista vêm, quase sempre, do próprio partido. Mas mesmo quem no PT dispara o fogo amigo diz: Mercadante é um dos poucos, se não o único, a dar "a real" à chefe, conhecida pelo estilo duro e pouco habituada a ouvir.

Em uma reunião no Palácio da Alvorada, residência oficial de Dilma Rousseff, os principais conselheiros presidenciais, Lula à frente, concordavam com ela em não ceder às demandas do PMDB. Àquela altura, o partido aliado levantava artilharia contra o próprio Planalto e criava impasses em votações importantes no Congresso.

O chefe da Casa Civil ponderou que, em vez de estressar a relação, era melhor negociar. Mal conseguiu terminar a frase. "Você não vê que ninguém está concordando com você?", interrompeu a chefe, segundo relatos.

O ministro esperou outra brecha. Foi cortado mais duas vezes. Na terceira, reagiu: "Desculpe, mas eu vim aqui para dar minha opinião".

Dias depois, líderes do PMDB criaram o "blocão", agrupamento suprapartidário para dar dor de cabeça à presidente.

Em situações mais tensas, dizem interlocutores, ele costuma ouvir de Dilma: "Você não pode se assustar tanto".

O apelido Freddie Mercury surgiu na Casa Civil antes mesmo de o ministro desembarcar por lá. Ele tem conhecimento da alcunha, fruto da associação com o bigode do vocalista da banda Queen, morto em 1991, mas não ri.

Mal sabe ele que, no ministério, já o chamam pelo diminutivo de Freddie.


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