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Deputado ligado a doleiro desafia dirigentes do PT

Vargas afirmou ao presidente do partido que não renunciará a mandato

Parlamentar diz contar com 1/3 da bancada petista na Câmara, onde responde processo no Conselho de Ética

ANDRÉIA SADI MARIANA HAUBERT DE BRASÍLIA MARINA DIAS DE SÃO PAULO

Sob ameaça de expulsão do PT e pressionado pelo partido a abandonar o mandato de deputado federal, André Vargas (PT-PR) voltou a dizer ontem em conversas reservadas que não renunciará e que conta com o apoio de pelo menos um terço da bancada petista na Câmara.

Em dura conversa com o presidente do PT, Rui Falcão, o deputado disse que tem condições de se defender e rechaçou o pedido do dirigente para que abandonasse o mandato em nome da defesa da imagem da legenda.

A interlocutores, Vargas tem dito que sua "banda" está unida. Nas contas do petista, cerca de 30 dos 88 deputados federais do partido apoiam sua decisão de permanecer com o mandato.

Então vice-presidente da Câmara, Vargas começou a cair em desgraça na cúpula do partido após a Folha revelar que ele usou um jatinho emprestado pelo doleiro Alberto Youssef.

Preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, Youssef é suspeito de comandar mega esquema de lavagem de dinheiro com ramificações políticas e na Petrobras.

Vargas também aparece nas investigações da Polícia Federal tratando de um contrato de interesse do doleiro no Ministério da Saúde.

O petista acabou renunciando à vice-presidência da Câmara e afirmou que renunciaria ao mandato, mas recuou logo em seguida.

Em resposta à resistência de Vargas, Falcão disse que será inevitável a instauração de uma comissão de ética no partido, na qual o deputado pode ser punido com a expulsão da legenda.

DANO ELEITORAL

O presidente do PT tem dito a interlocutores que a insistência do deputado em permanecer na Câmara desgasta a imagem da sigla e pode prejudicar a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Também são consideradas sensíveis nesse caso as campanhas dos petistas Alexandre Padilha ao governo de São Paulo e Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná, mesmo Estado de Vargas.

Padilha era o ministro da Saúde na época em que o deputado e Youssef aparecem nos diálogos interceptados pela PF discutindo um possível contrato do laboratório Labogen, ligado ao doleiro, com a pasta.

Além de estar ameaçado de expulsão pelo PT, Vargas é alvo de processo de cassação do mandato no Conselho de Ética na Câmara.

Ontem, o relator no conselho, Júlio Delgado (PSB-MG), deu parecer favorável para investigar o deputado. No entanto, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) pediu vista, o que empurrou a votação do parecer para a próxima terça-feira.

O relatório preliminar é o primeiro passo do processo de cassação.

MANOBRA

Apesar de ter dito durante a reunião que a interrupção não estava sendo feita a pedido do partido, Zé Geraldo admitiu que teve o objetivo de dar mais tempo para Vargas pensar sobre uma possível renúncia ao mandato ou, até mesmo, para preparar sua defesa no colegiado.

Para Júlio Delgado, a manobra estende "a sangria" e tem o objetivo de evitar que o processo seja concluído antes do recesso parlamentar, que começa em julho.

No segundo semestre, a Câmara deverá ficar esvaziada devido às eleições, o que tende a favorecer uma absolvição, já que para haver cassação é necessário o voto no plenário de pelo menos 257 dos 513 deputados.

Além da solidariedade a Vargas, petistas que o apoiam se uniram para evitar que o grupo do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) assuma a vice-presidência da Câmara que ficou vaga após a renúncia do paranaense.

O principal nome defendido pelos aliados de Vargas, como Cândido Vaccarezza (PT-SP), é o do deputado e ex-ministro Luiz Sérgio (PT-RJ). No entanto, Teixeira, que é ex-líder do PT na Câmara, também pleiteia a vaga.


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