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BC incentiva grandes bancos a emprestar recursos a pequenos

Medida pode direcionar até R$ 29 bilhões para operações de financiamento em 2012, o que aqueceria a economia

Banco Central sinaliza que dificilmente os juros poderão cair dos atuais 11% para menos de 10% anuais em 2012

SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA

Para estimular o mercado de crédito em 2012, o governo decidiu ontem induzir grandes bancos a repassar a instituições menores recursos que hoje não são usados.

A medida tem potencial de direcionar até R$ 29 bilhões para as operações de empréstimo e financiamento. No momento, este dinheiro está depositado no Banco Central.

Para controlar o volume de dinheiro em circulação na economia, o BC recolhe do sistema bancário uma parcela dos recursos disponíveis nas contas correntes e aplicações financeiras.

Com o agravamento da crise internacional a partir do final de 2008, o BC permitiu que parte dos recolhimentos compulsórios -hoje de R$ 60 bilhões- poderia ser utilizado na compra das carteiras de crédito de bancos pequenos ou em empréstimos no mercado interbancário.

Na época, temia-se que as instituições menores ficassem sem liquidez, ou seja, sem dinheiro em caixa para operar. No entanto, por desinteresse dos bancos de grande porte, apenas R$ 31 bilhões acabaram sendo efetivamente utilizados.

Para estimular a liberação do restante, o BC decidiu reduzir os rendimentos que paga aos bancos sobre os recursos recolhidos.

Bancos pequenos têm menos capacidade de captar recursos via depósitos de clientes. Por isso a venda de carteiras é uma forma de obter dinheiro para emprestar.

Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, a preocupação não é com a liquidez do sistema, pois o BC avalia que há recursos disponíveis no mercado.

"Com a medida estamos incentivando a migração dos recursos e o aumento a capacidade de os bancos menores fazerem crédito."

O uso dos compulsórios é um recurso da política monetária para estimular a economia. O BC sinalizou ontem que o uso do expediente mais clássico, a redução dos juros, tende a ser menos agudo do que se esperava até então.

Pela primeira vez, a órgão mostrou que dificilmente os juros poderão cair dos atuais 11% para menos de 10% anuais ao longo de 2012.

Apesar de ainda considerar que há espaço para novos cortes "moderados" na taxa do BC no primeiro semestre do ano que vem, o relatório trimestral de inflação calcula que o IPCA, índice de preços de referência para o governo, vá chegar a 5,3% em 2013 se houver a queda para 9,5% esperada até então pelo mercado financeiro.

Em um balanço de final de ano, simultâneo à divulgação do relatório, o ministro Guido Mantega pregou que os juros tenham papel importante na promoção do crescimento no próximo ano.

"Os juros ainda estão muito altos. Os estímulos [para a atividade econômica] têm de vir da política monetária."

Mantega discordou da projeção do BC para o crescimento deste ano, reduzida de 3,5% para 3%: "A gente acha que vai dar um pouco mais".

O recado do BC fez as apostas para os juros futuros subirem. Para este ano, os diretores ainda apostam no cumprimento da meta. A inflação, segundo as contas do BC, ficará no teto fixado em 6,5%.

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