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Ministro age como na Inquisição, afirma advogado amigo de Dirceu

Para José Gerardo Grossi, interlocução com Barbosa é impossível

NATUZA NERY DE BRASÍLIA

O advogado que ofereceu um emprego a José Dirceu em seu escritório criticou ontem o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, por ter vetado a autorização para o petista trabalhar.

Por meio de nota enviada à Folha, o criminalista José Gerardo Grossi afirmou que Barbosa tem uma visão na área criminal que lembra a Inquisição, em uma atitude de pessoas que se consideram infalíveis.

"A visão de justiça penal dele é torquemadesca, ultramontana", afirmou.

No primeiro caso, a menção é a Tomás de Torquemada, implacável inquisidor espanhol do século 15.

Já no segundo, refere-se ao ultramontanismo, doutrina católica que defende o poder absoluto do papa e a impossibilidade de o pontífice errar em questões de moral e fé.

Condenado no processo do mensalão a 7 anos e 11 meses de prisão, Dirceu cumpre pena desde novembro e queria trabalhar no escritório de Grossi, com salário de R$ 2.100. A permissão foi negada porque, na visão de Barbosa, condenados no regime semiaberto precisam cumprir um sexto da pena antes de poderem trabalhar fora.

"Houvesse de escolher entre Tomás Torquemada e o bom juiz Magnaud, certamente ficava com este. A interlocução é impossível."

O "bom juiz Magnaud" foi um magistrado francês cujas decisões foram consideradas humanistas e arrojadas nos anos 1920.

Ao negar o pedido de Dirceu, Barbosa chegou a afirmar que a oferta de emprego representou uma mera "ação de complacência entre amigos", termo citado em francês no despacho do ministro do STF. Grossi, que conhece Dirceu há anos, rebateu.

"Lamento que S. Exa., o Min. Barbosa, tenha confundido um ato de generosidade, a meu sentir compatível com a lei, com uma "action de complaisance entre copains". Logo ele que, já ministro do STF, foi meu cliente e que, por isto, sabe ou devia saber' que não sou advogado de complacências ou cumplicidades", alfinetou.

À Folha o advogado afirmou que não cobrou pela causa, uma interpelação feita por um ex-ministro do Supremo a Barbosa.

"De juiz, eu não cobro. Eles não ganham o suficiente para te pagar. Se tiver dinheiro, melhor largar o caso", brincou Grossi por telefone.


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