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Depoimento de ex-diretor da Petrobras divide nova CPI

Oposição defende quebra de sigilo antes de convocação de Paulo Roberto Costa

Investigado por suspeita de corrupção, executivo nega superfaturamento e afirma que mantinha boas relações com Dilma

(MÁRCIO FALCÃO) (AGUIRRE TALENTO) DE BRASÍLIA

Uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito criada para investigar os negócios da Petrobras começará a trabalhar nesta segunda (2) em meio a divergências entre aliados do governo e a oposição sobre o momento mais adequado para chamar o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa para depor à CPI.

Um dos alvos de uma operação desencadeada pela Polícia Federal para investigar um bilionário esquema de lavagem de dinheiro que movimentou recursos de construtoras e fornecedores da Petrobras, Costa é visto na oposição como alguém que poderia fazer revelações embaraçosas para o governo na CPI.

Mas ele frustrou a oposição em sua primeira entrevista após ser solto, publicada pela Folha neste domingo. O ex-diretor de abastecimento e refino da Petrobras negou irregularidades nos negócios da estatal e afirmou que não houve superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a maior obra da Petrobras.

Costa também disse que tinha boas relações com a presidente Dilma Rousseff (PT), que presidiu o conselho de administração da Petrobras no governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e agora concorre à reeleição.

Costa foi preso pela Polícia Federal em março e foi solto após 59 dias por ordem do Supremo Tribunal Federal. A PF suspeita que ele se associou a um esquema criado pelo doleiro Alberto Youssef para recolher propina de empresas interessadas em negócios com a Petrobras e distribuir parte do dinheiro a políticos.

Na entrevista à Folha, Costa disse que a Petrobras decidiu construir a refinaria Abreu e Lima fazendo uma simples "conta de padeiro" e sem ter um projeto definido.

Com custo inicial estimado em US$ 2,5 bilhões (R$ 5,6 bilhões), Abreu e Lima deverá custar US$ 18,5 bilhões (R$ 41,5 bilhões) quando a obra ficar pronta, em 2015.

Os partidos aliados ao governo, que controlam as investigações na nova CPI, querem que seja dada prioridade para os esclarecimentos de Costa, mas a oposição teme que, se ele for ouvido agora, pode blindar o governo sem esclarecer pontos fundamentais para as investigações.

Relator da CPI, o deputado governista Marco Maia (PT-RS) pretende apresentar nesta segunda um plano de trabalho para a comissão e disse que Costa deve ser um dos primeiros a ser chamado. "Ele é importante no processo de investigação pelo conhecimento da Petrobras e dos contratos da empresa", afirmou.

Sobre a maneira como, segundo Costa, os custos de Abreu e Lima foram estimados, Maia disse ser "lamentável que um investimento deste tamanho tenha sido tratado de forma tão informal e sem tratamento técnico. Mas só saberemos se isso é verdade no curso da investigação".

Para o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), a prioridade agora deveria ser a quebra de sigilo das empresas ligadas ao esquema de Youssef. "Se ele [Costa] for antes de reunirmos as informações, antes da quebra dos sigilos fiscal e telefônico das empresas, ele vai desfilar sua tese e fazer um monólogo. Isso só vai facilitar a vida dele."

O Congresso criou duas CPIs para investigar os negócios da Petrobras. A primeira funciona no Senado e é totalmente controlada pelo governo, sem a participação de nenhum senador da oposição.

A comissão que será instalada nesta segunda é formada por deputados e senadores e tem oito oposicionistas entre os seus 32 integrantes.

A CPI do Senado já aprovou um requerimento para ouvir Paulo Roberto Costa, o que pode ocorrer nesta semana. Ela ouviu nos últimos dias a atual presidente da estatal, Graça Foster, e seu antecessor, José Sérgio Gabrielli.

Graça afirmou em seu depoimento à CPI que o valor divulgado na época em que a construção de Abreu e Lima foi aprovada pela estatal era só uma estimativa inicial e que, na verdade, a obra começou a ser construída com um projeto que estimava seu custo em US$ 13,4 bilhões.


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