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Apesar de divisão interna, PMDB continua com Dilma
Convenção mantém aliança com 59% dos votos, menos do que os 85% de 2010
Insatisfação com o PT e o governo cria riscos para a presidente em Estados como Rio, Bahia, Ceará e Paraíba
O PMDB aprovou nesta terça-feira (10) o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, numa convenção pontuada por críticas ao PT que expôs um partido dividido entre continuar com a coalizão governista e romper com o Palácio do Planalto.
A participação na chapa de Dilma foi aprovada por 59% dos delegados que votaram na convenção. Foram 398 votos a favor de Dilma e 275 contra. Em 2010, quando Dilma concorreu pela primeira vez à Presidência, a aliança foi aprovada com 85% dos votos.
O apoio do PMDB garantirá a Dilma cerca de 2min20s a mais em cada bloco de 25 minutos do horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que irá ao ar a partir de agosto. Somados o PT e os outros partidos que apoiam a presidente, Dilma deverá ter 12 minutos em cada bloco.
Partido do vice-presidente Michel Temer, que continuará na chapa de Dilma, o PMDB controla cinco ministérios. A sigla tem demonstrado crescente insatisfação com o PT e neste ano liderou uma rebelião contra o governo na Câmara dos Deputados, barrando projetos de seu interesse.
Ao agradecer o apoio do PMDB em discurso no fim da convenção, Dilma fez questão de elogiar Temer, dizendo que "sabe aproximar pessoas e desarmar espíritos".
Líderes do partido usaram seus discursos na convenção para se queixar da resistência do PT a apoiar candidatos do PMDB a governos estaduais, sobretudo no Rio de Janeiro, onde os dois partidos têm candidaturas próprias.
Houve vaias quando o nome do presidente do PT, Rui Falcão, foi anunciado no microfone pelo apresentador da convenção, que foi realizada num auditório do Senado.
A ala dilmista do PMDB identificou as delegações de quatro Estados --Rio, Bahia, Ceará e Paraíba-- como origem de boa parte dos votos contrários à aliança com o PT, embora líderes de alguns desses Estados tenham afirmado que apoiariam a coligação.
No Rio, o PMDB lançou o governador Luiz Fernando Pezão, afilhado político do ex-governador Sérgio Cabral, mas o PT apoia a candidatura do senador Lindberg Farias.
O prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, afirmou que o partido devolverá "na mesma moeda" eventuais acusações que Pezão sofrer na campanha e disse que o PT não tem sido "patriótico" em vários Estados.
No Rio, a maioria do PMDB deve apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência.
A ala contrária a Dilma chegou a distribuir aos participantes da convenção panfletos em que acusa o governo de ineficiência e corrupção.
O vice Michel Temer minimizou a dissidência e afirmou que a manutenção da aliança visa "abrir as portas" para que no futuro "o PMDB ocupe todos os espaços políticos, para o bem dos brasileiros".
O partido promete apresentar propostas a Dilma, entre elas o aumento das verbas para a saúde. Algumas colidem com bandeiras do PT. O PMDB é contra a regulação da mídia e a convocação de um plebiscito sobre reforma política, como Dilma propôs.
A presidente também obteve ontem o apoio do PDT, em convenção comandada pelo ex-ministro Carlos Lupi, que preside o partido e foi defenestrado em 2011 após acusações de irregularidades.