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Janio de Freitas

O que se perdeu

Os brasileiros não têm educação nenhuma. A que tiveram, perderam toda. A cafajestice é a regra

Os defensores do xingamento dirigido à presidente da República, adeptos do argumento de que apenas foi usada a linguagem das arquibancadas de futebol, formalmente têm razão. Mas o fato fez parte de mais do que os hábitos dos campos de futebol, mais do que um insulto pessoal e mais do que seu alegado sentido político.

Na raiz e na forma daquele fato está a realidade de que os brasileiros não têm educação nenhuma. A que tiveram, e não há dúvida de que a tiveram, perderam toda. Como e por quê, não está identificado nem procurado, o que por si já é prova da falta de educação. Mas nada a ver com a educação escolar, que a outra independe desta.

A cafajestice é a regra, sem diferenciação entre as classes econômicas. Na vulgaridade da linguagem, na indumentária "descontraída", na ganância que faz de tudo um modo de usurpar algo do alheio, na boçalidade do trânsito, nos divertimentos escrachados, na total falta de respeito de produtores e comerciantes pelo consumidor, enganado na qualidade e furtado no valor --em tudo é o reinado do primarismo mental e dos modos da falta de educação.

O baixíssimo nível moral e intelectual do Congresso, o comercialismo dos dirigentes políticos e dos partidos, o negocismo que corrompe as administrações públicas, tudo isso é a própria falta de educação, invasiva e ilimitada. E crescente.

Ao xingamento a Dilma Rousseff seguiram-se, como atos políticos, três eventos: a convenção do PSDB para oficializar a candidatura de Aécio Neves à Presidência, a convenção do PT para a candidatura de Alexandre Padilha ao governo paulista, e a primeira aparição política que Eduardo Campos se dignou a conceder ao seu Estado desde que deixou o governo pernambucano. Foram três festivais de grosserias e insultos em nome da política.

Exceto Eduardo Campos, que sugeriu ser o governo federal "um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar", tudo o que foi noticiado como dito nos atos poderia ser dito com alguma elevação. Aécio Neves, Lula, José Serra, Fernando Henrique, no entanto, não recusaram a regra vigente. A julgar pela conduta deste grupo de candidatos e dirigentes, e pelo que até agora disseram Aécio e Campos, está prenunciada uma campanha pela Presidência com falta absoluta de ideias e o máximo da agressividade mais primária.

A propósito, Eduardo Campos, com a originalidade de que pôde dispor, disse dos xingamentos a Dilma Rousseff que "na vida a gente colhe o que a gente planta". Quando o vaiarem, descobrirá o que plantou com seu comentário.

BEM ENTENDIDO

Seria voltar bem mais de um século, se o propósito do vice-presidente Joe Biden, em sua prevista visita hoje a Dilma Rousseff, for mesmo "retomar a relação de confiança" entre Brasil e Estados Unidos. Mas o governo americano e Joe Biden são menos pretensiosos. É claro que ele se refere, aliás explicitamente, à retomada das relações anteriores aos incidentes entre o governo Obama e os de Lula e Dilma.

Ou seja, no dizer de Biden, "relação de confiança" é a que vigorou quando o governo americano violava as comunicações de todo o governo brasileiro, da Petrobras e de outras empresas, e até da própria presidente.


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