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Herdeira do Itaú cumpre meta verde por Marina
Ex-senadora prometera neutralizar emissões de CO da campanha de 2010
Compensação ecológica será feita com árvores plantadas em fazendas de Neca Setúbal, que arcará com os custos
Conhecida como candidata verde, Marina Silva lançou durante a campanha pela Presidência em 2010 uma promessa ecologicamente correta: compensar as emissões de carbono decorrentes da busca por votos.
Dióxido de carbono, metano e óxido nitroso gerados em viagens de avião, deslocamentos terrestres, consumo de energia e lixo produzido por sua equipe seriam neutralizados com "reflorestamento nos biomas brasileiros".
Para bater a meta, ela contou com a ajuda da socióloga Neca Setúbal, uma de suas principais escudeiras.
Herdeira do Itaú, ela "emprestou" árvores de um projeto de restauração nas fazendas Capoava, Ingazinho e Jequitibá, em Itú (SP), para que o compromisso eleitoral fosse cumprido e houvesse a captura de carbono emitido na campanha há quatro anos.
Em 2010, Marina teve quase 20% dos votos válidos, ficando em terceiro lugar. Neste ano, será vice na chapa de Eduardo Campos (PSB).
"Foi mais ou menos coincidente, mas não foi causa e efeito. Eu estaria fazendo [o plantio] de qualquer jeito", disse Neca à Folha.
No passado, ela já havia feito projeto semelhante, voltado para a compensação de carbono de empresas, que bancaram as despesas.
Desta vez, o projeto é de iniciativa dela e do marido. Neca não soube precisar o valor desembolsado no plantio.
No total, a equipe estimou ter emitido 404,2 toneladas de carbono durante a campanha, mas foi definido um patamar de 500 toneladas para a compensação.
Para que a captura desse carbono ocorresse num prazo de dois anos, seria necessário o plantio de 53,2 mil árvores --o projeto de Neca plantou, ao todo, 390 mil.
Ao todo, serão plantadas 80 espécies nativas, como ipê-amarelo, ipê roxo, caroba, angico e jacarandá.
"A abordagem que a gente decidiu foi: vamos fazer um projeto que a gente conheça, saiba onde está, que a gente tenha certeza que está capturando essa quantidade de carbono", afirma Tasso Azevedo, um dos principais colaboradores de Marina e responsável pela estimativa.
Ele afirma que a ação não teve custos para Marina.
A maior fatia das emissões, que contribuem para o efeito estufa, ocorreu devido às viagens aéreas. Nos três meses de campanha, foram contabilizados 1.500 trechos de voos, totalizando pouco mais de 1,7 milhão de quilômetros. O volume de carbono emitido foi estimado em 356 toneladas (88% do total).
De carro, a equipe de Marina percorreu 148,8 mil quilômetros de estradas, emitindo 44,3 toneladas. A produção de lixo teve uma parcela modesta do total. Ao somar as emissões da energia elétrica, se chegou ao volume de 404,2 toneladas.
Neca afirma que atrelou seu nome ao da ex-senadora porque vê Marina "como uma alternativa política" que pensa no desenvolvimento sustentável como algo transversal, e não como um apêndice.
