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Análise perspectivas

Brasileiro prefere igualdade social a crescimento vigoroso

Sociedade tem se posicionado a favor de políticas de transferência de renda

Será que este padrão de escolha de nossa sociedade mudará? No futuro -mais para 2018 do que 2014-, a sociedade será mais pró-crescimento

SAMUEL PESSOA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A economia teve expansão de 7,5% em 2010, após recuar 0,3% no ano anterior. Na média, cresceu por volta de 3,5% em dois anos. No biênio 2011-2012, provavelmente também crescerá nessa faixa.

Assim, os fatos indicam que o potencial de crescimento da economia hoje é 3,5%.

Os 4,5% do segundo mandato do governo Lula corresponderam a uma janela de oportunidade, favorecida pelo cenário externo, que não se repetirá se não pensarmos em medidas que aumentem esse potencial.

Questão: é bom ou ruim crescer 3,5%? Os economistas não têm instrumentos para responder essa pergunta.

A elevação da taxa de crescimento requer cortar alguns gastos (como, por exemplo rever a política de valorização do salário mínimo que tem forte impacto sobre as despesas previdenciárias) de forma a elevar a poupança e o investimento. Requer também melhorar a governança e a eficiência dos serviços públicos.

Essas mudanças acarretam custos no presente para grupos da sociedade. Os benefícios, em geral, são auferidos por todos na forma de maiores taxas de crescimento da economia no futuro.

A sociedade nas últimas décadas tem se posicionado a favor de políticas que visem a igualdade -o que explica o enorme crescimento da carga tributária e das transferências públicas de renda. O crescimento, portanto, tem sido variável residual.

PRÓ-TRANSFERÊNCIA

A sociedade não tem sido pró-crescimento, mas sim pró-transferência. O Congresso Nacional assim tem decidido em função das preferências médias da sociedade.

Portanto, dada a avaliação de que nossa democracia funciona bem- isto é, os deputados e senadores decidem em função das preferências de seus eleitores-, parece que o crescimento potencial de 3,5% é bom.

É bom porque a sociedade assim deseja, e não há nada na teoria econômica que possa julgar essa escolha como sendo ruim.

Será que este padrão de escolha de nossa sociedade mudará? No futuro -mais para 2018 do que 2014-, a sociedade será mais pró-crescimento.

Se essa avaliação estiver correta, neste momento, aparecerão políticos defendendo plataforma que imponha maiores custos no presente para auferirmos maiores taxas de crescimento no futuro e, portanto, maiores níveis de renda para a população.

A classe C será o motor desta alteração na economia política. Após melhorar de renda e conseguir equipar uma casa e adquirir o carro, ela passará a cobrar melhora na infraestrutura urbana e nos serviços públicos de educação e saúde.

Também pedirá, provavelmente, a redução da carga tributária e a aceleração do crescimento para que o mercado de trabalho melhore para seus filhos.

A partir deste momento os políticos tomarão as medidas necessárias para que a taxa de crescimento se acelere.

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