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Eleições 2014/Sabatina - Dilma Rousseff

Pessimismo que antecedeu a Copa agora afeta economia

* DILMA CONSIDEROU 'LAMENTÁVEL' TEXTO DO SANTANDER SOBRE ELEIÇÃO * PARA PETISTA, AÇÃO EM GAZA NÃO É GENOCÍDIO, MAS, SIM, UM MASSACRE * PRESIDENTE DIZ QUE MENSALÃO DO PT TEVE 'DOIS PESOS E UMAS 19 MEDIDAS'

DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição em outubro, afirmou nesta segunda-feira (28) que o mesmo clima de "pessimismo inadmissível" que antecedeu a realização da Copa do Mundo no Brasil também afeta hoje a economia. "Isso é muito grave. É uma especulação contra o país", afirmou a petista durante sabatina da parceria entre Folha, UOL (ambos do Grupo Folha), SBT e rádio Jovem Pan.Na sabatina, realizada no Palácio da Alvorada, Dilma disse ainda que houve "dois pesos e umas 19 medidas" nas investigações do mensalão do PT e do PSDB e classificou de "massacre" o que vem acontecendo na faixa de Gaza.

(FLÁVIA FOREQUE, GABRIELA GUERREIRO, JOHANNA NUBLAT, RANIER BRAGON, VALDO CRUZ E ANDRÉIA SADI)

Leia trechos da sabatina:

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Pessimismo

Fazendo um paralelo entre a realização da Copa do Mundo e as eleições, Dilma afirmou que "há no Brasil um jogo de pessimismo inadmissível".

"Eu acho que o mesmo pessimismo que ocorreu com a Copa está havendo com a economia. E você sabe que com a economia é mais grave, porque economia é feita de expectativa. Se alguém bota na cabeça que a situação está descontrolada...", disse.

Sem citar diretamente a Folha, a presidente fez menção à manchete do jornal no dia da abertura do Mundial, em 12 de junho ("Copa começa hoje com seleção em alta e organização em xeque").

"Eu lembro que, no dia em que começou a Copa, vocês botaram assim no jornal: A Copa está resolvida nos gramados, e não está resolvida de forma alguma fora dos gramados'",(1) afirmou, citando previsões de que a Copa seria um "caos", com apagões e problemas nos aeroportos.

"Isso é muito grave. É uma especulação contra o país."

Dilma voltou a defender a política econômica, ressaltando que o país alcançou "a menor taxa história de desemprego de todos os tempos [4,9% em abril]". "Não tem desemprego. Temos a menor taxa da história de desemprego de todos os tempos. Hoje é 5,2%. Aqui, no Brasil, não acontece o que ocorre nos EUA. Não há [redução do nível de] desemprego por desalento.(2) [...] O setor que fizemos o maior empenho foi para a indústria. O crescimento é condição para o país se desenvolver."

Questionada sobre eventuais erros na condução econômica, afirmou que houve aprendizado na área de concessão de rodovias. "A gente tem de ter humildade de aprender. Quem não aprende com sua experiência é pessoa até perigosa. Aprendemos que não era possível que se levassem 20 anos para construir uma rodovia. Nem tampouco que se cobrasse pedágio sem nenhum benefício."

Ao explicar o que levou 35% a rejeitá-la, segundo a última pesquisa do Datafolha, Dilma minimizou: "Temos mudanças e reversões muito rápidas. Como a gente explica que 45 dias antes da Copa metade dos brasileiros achava que ela seria um desastre? Um mês e meio depois, a maioria achava que foi uma boa Copa".

Inflação

A presidente afirmou que a inflação não está "descontrolada" e que ela ficará neste ano dentro do teto estipulado pelo Banco Central, de 6,5% ao ano. "Se você considerar a inflação anualizada, eu te asseguro que ela ficará abaixo do limite superior da meta."

Ao ser lembrada que a inflação está no teto da banda, Dilma, depois de insistir que ela ficaria abaixo, admitiu: "Pois é, ela está no teto da banda. Nós vamos ficar nesse teto da banda".

A presidente ressaltou ainda a atuação da gestão petista durante a crise econômica de 2008. "A crise começou em 2008, e houve uma mudança na situação econômica internacional neste período. Nenhum país se recuperou."(3)

Mas reconheceu ter sido equivocada a avaliação do ex-presidente Lula de que os efeitos da crise sobre o Brasil não passariam de "marolinha". "Todos nós erramos porque não tínhamos ideia do grau de descontrole que o sistema financeiro internacional tinha atingido. Não fomos só nós que erramos, o mundo errou. [...] Minimizamos os efeitos sobre a economia brasileira."

Mercado e eleições

Dilma disse ser "inadmissível" e "lamentável" análises do mercado que apontam risco de piora do cenário econômico no caso de sua reeleição, incluindo subida da Bolsa de Valores após pesquisas com números desfavoráveis ao PT.

"A característica de vários segmentos é especular em período eleitoral. Sempre que especularam, não se deram bem. Ou seja, a conjuntura política passa e eles sofrem penalidades. Eu acho muito perigoso especular em períodos eleitorais. (...) É inadmissível para qualquer país, principalmente um país que é a sétima economia do mundo, aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante do sistema financeiro, de forma institucional, na atividade eleitoral e política."

Ao comentar a recomendação do banco Santander a correntistas informando que sua eventual reeleição poderia ter efeitos negativos para a economia, Dilma subiu o tom de voz, numa demonstração de insatisfação com o episódio, e afirmou: "Eu vou ter uma atitude bastante clara em relação ao banco", evitando, porém, dizer qual.

Ela classificou de "protocolar" a explicação e o pedido de desculpas do banco. O Santander atribuiu a responsabilidade pelo texto a analistas.

Conflito em Gaza

A presidente disse lamentar a declaração do porta-voz de Israel que qualificou o Brasil como um "anão diplomático". Na véspera, o Itamaraty havia condenado o uso "desproporcional" da força pelos israelenses --termo que foi repetido ontem por Dilma.

Para ela, não há um genocídio na região, mas um "massacre". Dilma disse ainda que o pedido de cessar-fogo do Conselho de Segurança da ONU é "altamente bem-vindo".

"É uma questão humanitária. É uma faixa muito pequena e as pessoas estão em uma situação de muita insegurança, muita ameaçada, com muita criança e mulher morrendo". A convocação do embaixador brasileiro em Israel, justificou, foi "para prestar esclarecimentos, porque nós tínhamos dúvidas a respeito de algumas coisas". "Oportunamente, [ele] vai voltar. Não tem nenhum momento de ruptura nem nada."

Pasadena

Em meio a denúncias de superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras, Dilma disse que não foi "desgastada" pelo caso, nem merecia ser condenada pelo Tribunal de Contas da União. Na época da aquisição, em 2006, ela presidia o Conselho de Administração da estatal, que avalizou o negócio.

"Eu fui afastada desse processo. Não tem como me condenar por Pasadena. Agora, acho que Pasadena tem de ter um certo cuidado no tratar essa questão, porque ela foi objeto de um conflito judicial", disse. Em defesa do ex-diretor Nestor Cerveró, que foi apontado pela candidata como autor de um "parecer falho" que viabilizou a compra da refinaria, Dilma disse que ele não poderia ter sido afastado do cargo antes do fim do processo judicial que envolve Pasadena.(4)

Chantagem

Depois de trocar duas vezes o comando do Ministério dos Transportes a pedido do PR, titular da pasta, Dilma negou ter cedido a "chantagem". "Eu me sentiria chantageada se colocasse no ministério uma pessoa que não confio e não conheço. Pelo contrário. Eu confio e eu conheço o Paulo Sérgio [Passos]."

Passos assumiu o comando da pasta em 2011, depois da "faxina" promovida pelo governo no Ministério dos Transportes em meio a denúncias de corrupção. O ministro ficou no cargo até 2013, quando o PR pediu a troca por César Borges. Em junho deste ano, o PR pediu o retorno de Passos e a saída de Borges, por considerar que o ministro não representava mais os interesses da sigla. A presidente atendeu a todos os pedidos.

Dilma disse que acatou as trocas por ter Borges e Passos em sua "alta conta".

Mais Médicos

Uma de suas principais bandeiras na campanha à reeleição, o programa Mais Médicos foi defendido pela presidente. Ela refutou críticas da oposição diante da diferença da remuneração paga a profissionais cubanos e demais médicos inscritos."Essa posição fundamentalista sobre Cuba é um despropósito."

"Nós pagamos aqui uma parte do salário, R$ 3.000. E eles ganham auxílio-alimentação, auxílio-moradia e auxílio-transporte.(5) (...) O que acontece em Cuba? Eles depositam o salário que ele recebe [do governo brasileiro]."

A presidente apontou o caráter provisório do programa e disse ser necessário diante da carência de profissionais no interior e em periferias.

Mensalão

Ao falar sobre o mensalão do PT, Dilma disse que houve discrepância em relação ao mensalão do PSDB, que tramita na Justiça mineira. "Nessa história da relação com o PT, tem dois pesos e umas 19 medidas. Por quê? O mensalão foi investigado, agora o mensalão mineiro, não."

A candidata à reeleição insinuou que houve engavetamento no caso do mensalão do PSDB, mas evitou acusar diretamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de atuar em favor de aliados em 1998, ano da denúncia.

"Nós tomamos todas as providências. Não tivemos nenhum processo de interromper a Justiça. Nós não pressionamos juiz, não falamos com procurador, não engavetamos processo. (...) Não vou julgar governo nenhum porque não é meu papel."

No maior julgamento de sua história, o STF condenou 25 réus, entre eles ex-integrantes da cúpula do PT, concluindo ter havido compra de apoio legislativo no governo Lula. O caso do mensalão do PSDB apura suspeita de desvios de verbas para a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo ao governo de Minas, em 1998.

Dinheiro em espécie

A presidente atribuiu a uma "mania" o fato de ter, segundo declaração à Justiça Eleitoral, R$ 152 mil em espécie. "Sete anos da minha vida eu vivi fugida. Tinha muito tempo que eu dormia de sapato". Durante a ditadura militar, Dilma foi presa e torturada.


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