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Ricardo Melo

Os abutres nossos de cada dia

A insistência do PT em exorcizar quem fez projeções sobre a economia associada às eleições é tolice

Costume nas campanhas políticas, a saraivada de denúncias contra candidatos e seus aliados, verdadeiros ou supostos, só tende a aumentar. Seu peso na mídia não pode ser desprezado, assim como é um erro primário amplificar o impacto que exercem sobre os cidadãos comuns --os eleitores.

A insistência do PT em exorcizar uma analista de banco que fez projeções sobre o cenário econômico associado às eleições é uma tolice completa. Qual o susto? A banca faz isso desde sempre, ou pelo menos desde que o mercado financeiro começou a subjugar países inteiros a seus desígnios. Só para ficar em eventos recentes, foi um movimento escancarado em 2008 e muito parecido com o que acontece hoje na Argentina.

Um juiz de Nova York, sozinho, coloca em xeque a nação sob comando de Cristina Kirchner ao decidir a favor dos chamados "fundos abutres". Detalhe: tudo dentro da lei vigente. Ou seja, o problema não é o juiz, mas a lei. Então mude-se a lei. Ah, não, isso é muito radical, clamarão as almas habituadas a povoar muros. Convoca-se então a turma do deixa-disso para elaborar uma solução palatável --de preferência preservando quem tem mais e cortando nova fatia dos que têm menos.

Quando ataca projeções de uma economista que nada faz mais do que o seu trabalho, o PT cai na mesma armadilha. Dispara contra a árvore e esconde a floresta. Beira o ridículo. Pense bem: qualquer cliente que vai a um guichê discutir investimentos está interessado no cenário futuro. Cada gerente vai defender a ladainha do dono. Cabe ao interlocutor acreditar ou não. Só não vale ser otário a ponto de imaginar que instituições financeiras viraram entidades filantrópicas.

Se o PT ou qualquer outro partido quiser ser entendido pelo povo quando fala do mercado financeiro, o discurso é completamente outro. Falemos dos juros escorchantes cobrados nos empréstimos, das taxas indecentes que vigoram nos cartões de crédito, das tarifas que sobem ao bel-prazer de cada instituição.

Situações bizarras se repetem a cada minuto. Quando um cliente quer quitar uma dívida com desconto, é orientado a deixar de pagar algumas parcelas do empréstimo contraído. Só então o banco vai se convencer de que é melhor receber alguma coisa do que nada e oferece um abatimento decente. Não adianta dizer que você quer liquidar o papagaio antes para se livrar dos encargos. Tudo isso em se sabendo que, na verdade, o banco já ganhou muito dinheiro em cima de você, o eventual calote está devidamente "precificado" e os lucros do pessoal do 1% encontram-se devidamente protegidos. Alguma proposta a respeito de problemas como estes?

São questões assim que incomodam quem trabalha e vive do salário. Pouco adianta entrar em guerra de estatísticas sobre o passado. Os números não mentem; os homens, sim. E há números para todos os gostos e partidos. O que o povo quer saber é o que se projeta para o futuro. A oposição sinaliza que a batata vai assar para pôr a casa em ordem do jeito deles, conhecido de todos. Já os governistas mantêm em segredo qual caminho pretendem trilhar. Vão aprofundar as medidas de corte social ou irão tentar indefinidamente, sem chance de sucesso, conciliar iniquidades e ganhos exorbitantes com a melhoria das condições de vida do povo? Pelo jeito, vamos ter que esperar o horário eleitoral.

ORIENTE MÉDIO

Sem nenhuma pretensão de evitar ou esgotar um debate velho de décadas, recomendo aos interessados no assunto um vídeo à disposição na internet. O endereço é youtu.be/ToYDesW47Wc. Trata-se do depoimento do filho de um general israelense. Obviamente, cabe a cada um concordar ou discordar. Mas conhecer não faz mal a ninguém.


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