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Fabricante de avião alertou para riscos

Manual de aeronave que caiu com Campos diz que procedimento feito em arremetidas pode provocar 'mergulho' abrupto

Alerta foi incluído pela Cessna após incidente na Suíça; empresa criou mecanismo para evitar que falhas ocorram

RICARDO GALLO MARIANA BARBOSA DE SÃO PAULO

Um alerta que consta no manual do avião que caiu com Eduardo Campos aponta para o risco de o jato mergulhar abruptamente durante procedimento feito em subidas e arremetidas.

O procedimento apontado pela Cessna, fabricante do jato Citation 560 XL, é o recolhimento dos flaps --dispositivo que, acionado, aumenta a área das asas para dar mais sustentação ao avião em baixas altitudes, como em pousos ou decolagens.

Segundo o alerta, se os flaps forem recolhidos quando o avião estiver acima de 370 km/h, o nariz pode ser jogado para baixo, o que, na prática, pode tornar o avião difícil de controlar.

Isso acontece por um efeito aerodinâmico nos estabilizadores horizontais --pequenas asas na cauda. É uma particularidade dos Citation.

Os flaps são recolhidos assim que o avião ganha altitude; pode ser após uma decolagem ou de uma arremetida, mesmo procedimento que o Citation PR-AFA fez antes de cair, em Santos.

Não está claro se isso aconteceu. A Aeronáutica investiga as causas do acidente.

Em entrevista à Folha no sábado (16), o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, disse que "os flaps estavam recolhidos".

Para evitar o problema, a Cessna criou um inibidor que impede o avião de jogar o nariz para baixo em alta velocidade --informação que também está no manual. Não se sabe, tampouco, se o inibidor do jato de Campos falhou.

Segundo um piloto de Citation, o alerta sobre o mergulho está no manual como meio de prevenção se o sistema de proteção falhar.

PRECEDENTE

O alerta para o Citation foi incluído no manual em 2004, como um procedimento obrigatório, depois da investigações de um incidente na Suíça dois anos antes. No incidente, sem mortes, o avião estava acima de 2.740 metros ao dar um mergulho; e só se estabilizou em 914 m.

A Folha procurou a Cessna, que não falou sobre o manual. Disse que o alerta consta em arquivo produzido pela Flight Safety, organização baseada nos EUA autorizada pela Cessna a dar treinamento a empresas e pilotos que operam aviões feitos por ela.

A reportagem reforçou o pedido para que a empresa se posicionasse sobre a informação do manual, mas não obteve nova resposta.


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