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Eleições 2014

Alckmin maquia programa de combate ao crime na TV

Propaganda tucana exalta sistema que ainda não funciona de forma adequada

Falhas em banco de dados que deveria orientar ação policial comprometem eficácia do Detecta em SP

CATIA SEABRA REYNALDO TUROLLO JR. ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO

A propaganda eleitoral do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na TV exalta como ações da gestão tucana ferramentas de combate ao crime que ainda não estão funcionando em São Paulo.

Vitrine da campanha do candidato à reeleição, a tecnologia batizada de Detecta visa integrar os bancos de dados da polícia com as imagens de câmeras para identificar atitudes suspeitas nas ruas em tempo real.

Embora a propaganda diga que a "entrega oficial" do sistema ocorreu no mês passado, na prática há pouco efeito prático até hoje, além de não existir nenhum prazo para que todas as ferramentas sejam implantadas.

E, segundo relatório da Secretaria da Segurança, existem "graves falhas" no principal banco de dados que alimenta a base do Detecta.

'ATITUDE SUSPEITA'

A propaganda do PSDB convida os eleitores a conhecer "a tecnologia que Geraldo Alckmin trouxe de Nova York para São Paulo", "o que existe de mais avançado em segurança pública" --área que tem sido alvo de ataques de adversários devido à escalada de roubos no Estado.

A peça mostra um rapaz de capacete na porta de um imóvel e a inscrição "atitude suspeita" --um exemplo de funcionamento do Detecta.

Mas a tecnologia disponível em São Paulo ainda não é capaz de identificar cenas suspeitas --porque a configuração do sistema não foi feita. Para isso, será preciso também uma adaptação à realidade brasileira --onde os tipos de crime e a forma como eles são praticados não são iguais aos do exterior.

O governo alega que as imagens são só ilustrativas.

Além disso, a polícia não tem condições de saber de maneira adequada se a imagem registrada por uma câmera está em um ponto com histórico alto de crimes.

Essa eficiência depende da integração de bancos de dados. O principal deles, chamado de RDO/Infocrim, apresenta distorções que comprometem os objetivos do Detecta.

Pelos registros do sistema, por exemplo, 24% dos crimes da avenida Paulista e 26% dos da rua 25 de março ocorreram em fevereiro no inexistente número zero dessas vias.

CONTROLE DO CRIME

Os dados reforçam a conclusão de um relatório elaborado pela Secretaria de Segurança --e enviado há 14 meses ao governo-- pelo qual graves falhas no registro das ocorrências "comprometem o controle de crime".

Produzido entre 2010 e 2011 pela Coordenadoria de Análise e Planejamento da Segurança (CAP), ele afirma que 49% dos casos na capital e região metropolitana foram computados em endereços errados, como os "números padrão" (como 9999), sendo 29% lançados como 1 e 0.

Isso significa que os policiais que seriam acionados pelo Detecta não teriam nesses casos um histórico confiável de onde precisariam atuar.

O diagnóstico sobre esse problema chegou à antessala do gabinete de Alckmin em 3 de junho de 2013. Foi enviado pela então coordenadora da CAP, a socióloga Sueli Andruccioli Felix, e recebido por Thierry Montenegro Besse, assessor técnico da Casa Civil.

Segundo Andruccioli, a eficácia do Detecta pode ser afetada "se a base de dados continuar do mesmo jeito".

Pelo relatório da CAP, as falhas podem induzir "comandantes operacionais a erros quando na decisão sobre como distribuir recursos humanos e materiais".


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