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Contra críticos, marqueteiro de Dilma cria 'Pessimildo'
NATUZA NERY DE BRASÍLIADepois de explorar um cenário sombrio com a comida sumindo do prato de uma família brasileira assustada com o desemprego, o marqueteiro João Santana lançará, desta vez em tom zombeteiro, o "Pessimildo", personagem ranzinza que ironiza os críticos do governo.
Espécie de mistura de Gru, o "Malvado Favorito", com "Seu Saraiva", do programa de TV "Zorra Total", Pessimildo encarna um rabugento inveterado. "Viu que os empregos continuam subindo?", indaga um locutor. "Tudo o que sobe, desce", responde o fantoche com cenho franzido e olhos vermelhos.
E o diálogo segue: "O mundo está em crise, Pessimildo, e o Brasil está protegendo salários". Mas Pessimildo, o boneco-catástrofe, duvida de tudo, e torce contra.
Pessimildo seria apresentado ao eleitor no início do horário eleitoral, mas ficou embargado com a morte de Eduardo Campos. O projeto, resgatado agora nesta reta final do primeiro turno, servirá à estratégia de colar nos adversários a pecha de agourentos.
A ofensiva do governo contra os "pessimistas" está presente nos discursos de Dilma desde 2013, como fórmula para vacinar o eleitor contra ataques da oposição. Também serve ao propósito de desmobilizar certo mau humor difuso no eleitorado, capturado pelas pesquisas de opinião.
Esse mau humor ajudou a motivar os protestos de junho de 2013 e contribuiu para fazer despencar a popularidade de Dilma naquele período.
O personagem e os roteiros foram idealizados por Santana e Antonio Meireles, coautores do programa "Fantasmas do Passado", acusado pelo PSDB de terrorismo eleitoral ao trazer cenas de pessoas olhando para trás e se vendo maltrapilhas, famintas e infelizes. Uma metáfora contra os oito anos de FHC.
A Folha teve acesso aos filmes. Além da peça que aborda o tema emprego, há outros dois já prontos. Em um deles, Pessimildo preconiza, muito bravo, a "desgraça que vai acontecer no país". Em outro, denuncia a situação vergonhosa dos aeroportos.
Ao final de cada um, uma voz oculta afirma: "Chega de pessimismo. Pense positivo, pense Dilma".