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Eleições 2014

Marina reage a Dilma com apelo emocional na televisão

PSB recorreu ao passado humilde da presidenciável para estancar desgastes

Campanha atribui o aumento das dificuldades da ex-senadora a boatos como o fim do Bolsa Família

NATUZA NERY DE BRASÍLIA

No programa de TV em que mais confrontou a rival Dilma Rousseff até agora, a candidata Marina Silva (PSB) se valeu de um tom emotivo para rebater acusações de que, se eleita, acabará com programas sociais do atual governo.

Na peça, antecipada pela Folha e que foi ao ar na noite de terça-feira (16), Marina afirma, com a voz embargada, que uma pessoa que, como ela, já passou fome na vida jamais acabará com o Bolsa Família.

O programa na TV é todo construído com base num discurso da candidata em Fortaleza, em 12 de setembro. No ato, em cima de um pequeno palanque, a presidenciável faz uma inflexão no tom normalmente ameno usado por ela.

Com dedo indicador em riste, dirige-se à presidente da República como se ela ali estivesse: "Dilma, você fique ciente. Não vou lhe combater com suas armas; vou lhe combater com a nossa verdade".

Ela, então, recorda-se do dia em que seus pais não tinham comida suficiente para alimentar toda a família.

"Tudo o que minha mãe tinha para oito filhos era um ovo e um pouco de farinha e sal com umas palhinhas de cebola picadas. Eu me lembro de ter olhado para o meu pai e minha mãe e perguntado: Vocês não vão comer?' E minha mãe respondeu: Nós não estamos com fome'."

Marina interrompe a fala por alguns segundos. E segue: "Uma criança acreditou naquilo. Mas depois entendi que eles há mais de um dia não comiam".

Avaliações e pesquisas internas atribuem o recuo da candidata em setores do eleitorado mais pobre a rumores como o de que, se eleita, acabaria com o Bolsa Família.

Para evitar mais desgaste, a coordenação da campanha decidiu recorrer ao passado humilde da presidenciável como estratégia para tentar garantir que Marina não pretende dar fim a programas sociais.

VITIMIZAÇÃO

Petistas acusam Marina de se vitimizar para tentar sensibilizar o eleitor e desviar o debate sobre seu programa de governo, alvo de críticas de diferentes setores.

Em declaração recente, a própria candidata à reeleição explorou o assunto. Disse que "ser presidente é aguentar críticas e pressão todos os dias". Dilma, que tem fama de tratar com rispidez seus subordinados, afirmou ainda que quem se sente "coitadinha" não está à altura do cargo.

A artilharia contra Marina cresceu no momento em que a rival passou a ameaçar o favoritismo da presidente. Em pesquisas recentes, como a do Ibope divulgada na terça-feira (16), ambas aparecem tecnicamente empatadas no segundo turno.

Nos programas de TV de Dilma, Marina já foi associada aos ex-presidentes Fernando Collor e a Jânio Quadros como exemplo de candidatos que fracassaram.

O tom emotivo nos programas de TV de Marina deve se repetir. Para a equipe da candidata, os depoimentos que remontam ao seu passado são autênticos e fogem do script tradicionalmente preparados por redatores publicitários.

Ao mesmo tempo, a assemelham ao ex-presidente Lula, que sempre conseguiu, em suas campanhas, estabelecer uma identidade com o eleitor de baixa renda.

O PSB tem, no primeiro turno, apenas dois minutos na TV, contra cerca de 12 minutos de Dilma.


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