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Inflação de 2011 fica no teto da meta, mas é a maior em 7 anos

Com consumo aquecido, preços subiram em média 6,5%, limite do objetivo perseguido pelo Banco Central

Aumento do emprego no ano passado elevou demanda e encareceu os serviços; passagens aéras subiram 52,9%

PEDRO SOARES
DO RIO
MARIANA SCHREIBER
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

A inflação de 2011 foi a maior em sete anos. Segundo o IBGE, os preços subiram em média 6,5% no ano passado, exatamente o teto da meta oficial do BC (Banco Central).

A alta dos combustíveis, o choque mundial de preços de alimentos e, principalmente, o crescimento do consumo, impulsionaram os preços.

"Em 2011, o que preponderou foi uma inflação de demanda [estimulada pelo consumo maior], proporcionada pela [expansão] da renda e pela entrada de mais pessoas em classes mais altas de consumo", disse Eulina Nunes, coordenadora do IBGE.

Segundo a economista do Santander Fernanda Consorte, o mercado de trabalho aquecido foi um fator importante de pressão dos preços.

Com renda em expansão e desemprego no menor nível em quase dez anos, houve espaço para repasses de custos chegarem ao consumidor.

Um exemplo são as passagens aéreas, que subiram 52,92% em 2011 na esteira do reajuste do combustível de aviação e da maior procura. Foi a maior alta do IPCA. A refeição fora de casa também foi um dos itens que mais subiram e afetou trabalhadores como Flávio Willian, 26.

Para gastar menos, o motorista de uma transportadora concilia seu itinerário para passar em casa e almoçar. "Nem sempre dá. Mas procuro fazer isso para economizar", diz ele, que mora em São Cristóvão, zona norte do Rio.

Uma categoria que também pressionou o IPCA de 2011 e deve seguir o mesmo caminho neste ano é a dos serviços, com alta de 9%.

Neste grupo, estão empregado doméstico, aluguel, colégios e despesas pessoais, como cabeleireiro e manicure. Muitos deles sobem com o aumento do consumo e do salário mínimo, que puxa as remunerações do setor.

Após o pico em setembro (7,3%), a inflação passou a recuar porque não se repetiu no final deste ano o choque dos preços de alimentos do final de 2010 e também devido à freada no crescimento do país no segundo semestre.

A inflação ficou em 0,5% em dezembro, abaixo da expectativa de economistas. Para Fábio Romão, da LCA, o IPCA subiu menos em razão da moderação do consumo. O vestuário, por exemplo, aumentou 0,8%, menos do que o habitual na época de Natal.

A expectativa para 2012 é que o consumo mais moderado vai permitir que inflação recue mais no início do ano. No entanto, a recuperação da economia no segundo semestre deve manter a inflação acima de 5%, projeta Consorte.

Criticado por cortar a taxa de juros em agosto mesmo com inflação em alta, o BC destacou ontem em nota que a meta foi cumprida em 2011 pelo oitavo ano consecutivo.

Se não fosse cumprida, o BC teria que escrever uma carta ao Ministério da Fazenda explicando sua falha.

"O BC conseguiu se antecipar e enxergar um cenário de desaceleração que a maioria do mercado não via", afirma Mauro Schneider, economista da Banif corretora. "Não seria número, 6,5% ou um pouco mais, que afetaria a credibilidade do BC. O fato é que ele acertou", observa.

O ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, disse ontem que o governo espera que a inflação continue recuando e fique abaixo de 5% neste ano.

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