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Moradores reclamam de 'casa de barro'

Goteiras, rachaduras e vazamentos são comuns em moradias entregues pelo governo de SP no primeiro semestre de 2011

Beneficiários dizem que problemas continuam, mesmo após queixa formal; para CDHU, não há problema estrutural

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Toda vez que chove, a autônoma Leandra Aparecida Pereira, 31, e os três filhos já sabem: os móveis têm que ser arrastados e os rodos devem estar por perto.

Desde que se mudaram para uma casa popular no Jardim Santa Bárbara, em Franca (SP), há oito meses, o problema é o mesmo: a água escorre do forro e desce pelas paredes de todos os cômodos.

A mesma situação é vivida por todos os 15 moradores ouvidos pela Folha anteontem.

As casas, entregues pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) a 72 famílias em maio do ano passado, ficam em uma área sem asfalto.

Segundo o governo, a empreiteira tem a obrigação de monitorar as obras pelos 90 dias seguintes à entrega para reparar falhas. Em Franca, os moradores disseram ter reclamado à construtora logo após receber os imóveis, mas não houve correção.

A reportagem constatou goteiras, rachaduras, trincas, vazamentos, pias soltas, umidade e bolor nas paredes, forro solto e até a falta de muros de arrimo. "Fizeram casas de barro e nós estamos pagando. É uma falta de respeito", afirmou a sapateira Rosimary Cruz de Souza, 39.

O autônomo Cosmiro Leonardo dos Santos, 42, disse que pensa em voltar a morar em seu antigo barraco de tábua, no Jardim Cambuí.

"Onde eu morava era muito melhor. Não tinha água, mas também não tinha vazamento, piso solto", afirmou.

Na quadra em que mora, na rua Maura da Silva Santana, todas as casas ficam alagadas durante a chuva.

RIBEIRÃO

O drama dos moradores de Franca é semelhante ao vivido por quem se mudou para o Paulo Gomes Romeo, em Ribeirão Preto, há 11 meses.

A reportagem percorreu 23 casas da primeira etapa do conjunto e, em 20 delas, foi constatado ao menos um problema. Todas têm rachaduras e infiltrações, e em nenhuma as janelas fecham.

Pela falta de segurança, a auxiliar de cozinha Clarinda Duarte Rosa, 51, pediu demissão para cuidar da filha. "Já tentaram entrar em casa três vezes", afirmou.

A dona de casa Cristiana Camargo, 30, improvisou um balde embaixo da pia da cozinha por causa de vazamentos desde a mudança.

No banheiro da casa do vigilante José Bento Ramos, 53, a água escorre para o corredor, em vez do ralo. "Tem que tomar banho usando o rodo", afirmou. O mesmo problema ocorre em outras cinco casas.

Questionada, a CDHU (Companhia Habitacional de SP) disse que "nenhum dos casos apresentados caracteriza qualquer tipo de problemas estruturais" e há um prazo de garantia.

Mauro Marco Moreira, proprietário da Emes Construtora, de Franca, reconheceu os problemas. Carlos Querido, da Croma Construtora, responsável pelas obras em Ribeirão, não foi encontrado (leia texto nesta página).

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