Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Dilma afaga delegados da PF ao mudar regras da carreira

Medida provisória assinada pela presidente gera tensão com as outras categorias

Nova norma restringe cargo a bacharéis em direito com ao menos 3 anos de experiência na área jurídica ou policial

FERNANDA ODILLA MARIANA HAUBERT DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff assinou uma medida provisória que beneficia delegados da Polícia Federal e, por isso, gerou tensão entre outros integrantes da corporação, em especial os agentes.

O texto publicado nesta terça (14) no "Diário Oficial" determina três mudanças para a carreira de delegados que já estão em vigor. Uma delas transforma o cargo de diretor-geral da PF em função exclusiva de delegados de classe especial, ou seja, que ocupam o último nível da carreira. Hoje, qualquer pessoa pode ser indicada pela Presidência para chefiar a polícia.

Outra mudança: candidatos a delegado da PF, além da atual exigência de serem bacharéis em direito, têm de apresentar carteira da Ordem dos Advogados do Brasil e comprovar experiência judicial ou policial de três anos.

A terceira regra diz diz que delegados "são responsáveis pela direção das atividades do órgão". Representantes dos agentes, escrivães, papiloscopistas e peritos entendem que os cargos de direção agora limitam-se a delegados.

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) nega e afirma que os outros integrantes da PF podem continuar sendo chefes --só não podem ter o cargo de diretor-geral.

Em plena campanha à reeleição, Dilma fez um afago aos delegados. Criou, contudo, um problema com outras categorias da PF: os agentes já discutem parar em protesto contra a medida, que vale por até 120 dias caso o Congresso não a aprove.

"Foi tiro no pé. O governo não pensou bem. Está dando aos delegados a possibilidade de dominar todas as atividades da PF", reclama o vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luís Antônio Boundens.

Para ele, a medida limita aos delegados o exercício de todos os cargos de direção da corporação e permite que eles pleiteiem salários maiores.

A exigência de experiência de três anos para delegados já provocara polêmica e arrastara a votação de outra medida provisória, que tramita no Congresso e eleva em 15,8% os salários de agentes, escrivães e papiloscopistas da PF. O item acabou retirado do texto, aprovado pela Câmara --ele ainda precisa passar pelo Senado.

Cardozo afirma que o novo texto "visa viabilizar uma harmonização rápida" entre agentes e delegados.

A Folha apurou que o texto da MP que atende aos pleitos dos delegados foi redigido às pressas. O governo tinha receio da postura de alguns delegados, que cogitaram fazer paralisações e escancarar problemas internos da PF em plena campanha.

O ministro da Justiça nega qualquer motivação eleitoral.

A publicação da medida provisória ajudou a esvaziar audiência organizada pelo deputado federal e ex-delegado da PF Fernando Francischini (SD-PR) para expor as mazelas do órgão. Ele foi o único que apareceu na sessão para ouvir o presidente da Associação Nacional dos Delegados da PF, Marcos Leôncio Ribeiro, nesta terça.

O deputado acredita que a medida pró-delegados visou esvaziar sua audiência. "O governo teve que editar MP ontem à noite porque sabia que hoje ia ser uma pancadaria."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página