Nos EUA, polarização orienta escolha das fontes de informação
Um estudo publicado nos Estados Unidos em outubro pelo Pew Research Center ouviu eleitores democratas e republicanos para ver como a polarização norte-americana se manifesta na escolha das fontes de informação.
Segundo o estudo, quase metade dos eleitores conservadores confiavam apenas na Fox News, emissora que deu apoio ao governo de George W. Bush, e tinham mais chance de conversar apenas com iguais do que os de centro-esquerda. Já estes tinham uma pauta de leitura mais variada e preferiam seguir grupos ligados a temas específicos e personalidades políticas.
O único meio de comunicação respeitado por todos os grupos era o "Wall Street Journal", especializado em economia e finanças.
De acordo com a Pew, eram grupos de 40% mais exaltados conservadores e 30% dos mais empedernidos liberais que davam o tom dos debates sobre política --na prática, reforçando a polarização.
Em contraste, apenas 12% dos eleitores moderados --um grupo muito maior-- influenciavam o debate.
Não há estudo semelhante no Brasil, mas pesquisadores brasileiros, como Raquel Recuero, produziram gráficos das interações entre usuários do Twitter, mostrando a alta concentração de interações entre participantes de perfis políticos semelhantes.
Ou seja: os simpatizantes de uma candidatura pouco dialogam com eleitores do partido adversário.
Embora o levantamento da Folha não tenha classificado os postadores por perfil, os entrevistados dizem que a polarização se reflete no material compartilhado pelos eleitores. Notícias sobre pesquisas eram postadas com voracidade pelos dois lados.
A Folha ouviu duas das leitoras que mais compartilhavam informações no Twitter, de pontos de vista opostos em relação à eleição, para saber como compartilham notícias.
Valéria Gondim, 52, eleitora de Aécio no Ceará, é leitora voraz de sites de notícias e compartilha muito do que lê. "Tenho a impressão de que as pessoas muitas vezes usam as notícias para informar os outros, trazendo credibilidade para aquilo que estão dizendo, e muitas vezes reforçar sua opinião."
Já a blogueira Helena Stephanowitz, eleitora de Dilma em São Paulo, prefere ler e recomendar blogs e textos opinativos. "Geralmente eu busco o outro lado da notícia, lendo a mídia alternativa. Compartilho links com base na credibilidade do jornalista que assina. Na Folha, Janio de Freitas e Ricardo Melo são meus preferidos."