Caso da Lava Jato tem pelo menos 9 delatores
Informação é do procurador Janot, que pediu mais prazo para decidir sobre desmembramento do processo
Além da delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, 3 foram finalizadas e '5 ou 6' estão em curso
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quarta (11) que existem até agora pelo menos nove delações premiadas de investigados na Operação Lava Jato.
Segundo ele, a do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa está concluída e homologada pela Justiça. Sem citar nomes, Janot informou que outras três já foram concluídas e aguardam homologação. E citou ainda "cinco ou seis" que estão em curso.
Entre os delatores estão, além de Costa, o doleiro Alberto Yousseff e executivo Júlio Camargo, da Toyo-Setal, empresa com contratos que somam quase R$ 4 bilhões com a Petrobras.
Recentemente o doleiro Carlos Habib Chater trocou de advogados numa tentativa de dar início a um processo de delação premiada, mas ainda não há confirmação.
De acordo com Janot, o número de delações ainda pode aumentar. "Há possibilidade de que existam mais. O fenômeno que está acontecendo é que quanto mais pessoas vêm e procuram o Ministério Público para falar, outras se sentem incentivadas de vir também. Nós temos executivos de empresas, temos servidores, pessoas envolvidas (...) doleiros", disse.
A expectativa do procurador é que em 30 dias ou no máximo em 45 dias todas elas sejam concluídas. Depois disso, ele enviará ao relator do caso no Supremo, ministro Teori Zavascki, uma lista com os envolvidos.
Janot lembrou que, após a homologação da delação de Costa, enviou a Teori uma petição para o desmembramento do processo, deixando no Supremo só deputados e senadores, que têm o chamado foro privilegiado. Os demais seriam analisado pela Justiça Federal do Paraná.
Entre os citados estão o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Antes de Teori se manifestar, porém, as outras delações começaram a acontecer. O procurador enviou então nova petição pedindo que ele aguardasse uma posição final do Ministério Público sobre o assunto.
Janot disse que não pretende levar muitos casos de envolvidos sem prerrogativa de foro ao STF para evitar que se repita o que aconteceu no caso do mensalão, em que o grande número de réus fez com que o processo demorasse que o previsto.
No entanto, há casos em que a atuação de uma pessoa sem foro está tão ligada a uma autoridade que faz com que, em situações excepcionais, o STF possa julgar réus sem prerrogativa de foro.
Enquanto aguarda o fim das delações, Janot deve se reunir com procuradores auxiliares para fazer uma novo balanço das investigações.
A avaliação inicial é que o processo da Lava Jato seja encurtado em até três anos, uma vez que muitos dos delatores estão indicando onde o Ministério Público pode obter provas, reduzindo o tempo de investigação.