Escândalo na Petrobras
Policiais batizaram operação de Juízo Final
Agentes preveem pressão do mundo político após prisões de executivos
Ministério da Justiça abriu sindicância contra delegados que declararam apoio a Aécio em redes sociais
O arquivo da Polícia Federal com a lista de pessoas com prisão decretada pela Operação Lava Jato na sexta-feira (14) trazia um nome revelador: "O Juízo Final".
A alcunha, que dá nome à sétima fase da operação, dá a dimensão não só da ação que levou para a cadeia alguns dos mais influentes executivos do país como indica o tamanho da reação que a PF e o juiz do caso deverão sofrer nos próximos dias.
A aposta é de uma investida externa pesada para tentar desqualificar as investigações. "Estamos tirando o leite das criancinhas", ironizou um policial. A referência religiosa também está na epígrafe dos mandados, tirada do Eclesiastes da Bíblia:
"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há um tempo de nascer, e tempo de morrer;tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou."
Ao eleger as empreiteiras como alvo, a PF acredita ter atingido em cheio o coração do financiamento de campanhas no Brasil. Para garantir que o trabalho tenha continuidade, uma solução em estudos é pulverizar a Lava Jato em investigações filhotes, mas isso não está decidido.
"A maior pressão deve ser sentida pela cúpula da Polícia Federal", avaliou Marcos Leôncio Ribeiro, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, para quem o pior ainda está por vir.
No Paraná, onde a ação da polícia é conduzida, a ordem é agilizar os depoimentos de quem foi capturado e concluí-los durante o fim de semana.
Policiais envolvidos no caso mencionaram com preocupação a sindicância aberta pelo Ministério da Justiça contra delegados do caso que haviam criticado o PT e declarado apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB) em mensagens nas redes sociais.
O mundo político acompanhou apreensivo as notícias da operação durante todo o dia. Um deputado do PMDB sintetizava o clima ao dizer que o "universo estava derretendo". O medo de grampo fez parlamentares e autoridades do Executivo deixar celulares de lado durante o dia.
A operação de sexta-feira mobilizou 300 agentes da PF em cinco Estados (São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Rio de Janeiro).
Os agentes cumpriram 85 mandados de prisão ou de busca e apreensão. Nove pessoas foram levadas à polícia para prestar depoimento e liberadas em seguida.