Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Novo cálculo baixaria inflação em 2011

Atualização do IPCA, principal índice de preços do país, incorpora novos hábitos do brasileiro e passa a valer neste mês

Educação perde importância no cálculo e deve fazer inflação ficar mais baixa neste início de ano

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

A inflação teria sido menor em 2011 se o novo cálculo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) já estivesse sendo aplicado.

A atualização do principal índice de preços do país, usado como referência pelo governo para definir a meta de inflação, começa a valer a partir deste mês.

Simulação feita por economistas ouvidos pela Folha indicam que a inflação, em vez de ter fechado o ano em 6,5%, poderia ter ficado entre 6% e 6,1% se a nova estrutura tivesse sido aplicada.

Em outras palavras, se o cálculo da inflação já incorporasse os novos hábitos de consumo do brasileiro, o custo de vida teria subido menos no ano passado.

"A demora em incorporar as mudanças no consumo fez com que estivéssemos carregando uma inflação mais alta, que não aconteceu", diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.

O IBGE divulgou ontem a estrutura definitiva do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que vai vigorar a partir deste ano. Ela utiliza informações de pesquisa feita entre 2008 e 2009. Até então, a inflação usava como parâmetro estudo feito em 2002 e 2003.

Para economistas, a perda de peso da educação no novo cálculo da inflação é determinante para o recuo estimado em 2011.

A educação tinha peso de 7,21% na inflação até o ano passado e passou a responder por 4,37% no cálculo atual. Segundo o IBGE, isso ocorre porque, em média, as famílias estão gastando uma parte menor do seu orçamento com essa despesa.

Em 2011, esse serviço subiu 8% e foi um dos que mais contribuíram para a alta dos preços. Com menos peso, aumentos de preço nesse grupo terão menos importância para o cálculo do custo de vida.

EDUCAÇÃO PERDE

A perda de importância da educação provocou ainda previsões de inflação mais moderada neste ano, sobretudo no primeiro trimestre, quando ocorrem reajustes de mensalidades escolares.

Segundo o economista Fábio Ramos, da Quest Investimentos, os serviços, que estavam superestimados no cálculo da inflação até dezembro, encolheram sua participação no índice. Um exemplo é a refeição fora de casa, que perdeu peso e também deve contribuir para uma inflação mais moderada.

Grande parte dos economistas avalia que a atualização do IPCA resultará numa inflação mais baixa em 2012, o que ajuda o o trabalho do Banco Central. Para Ramos, entretanto, a alteração do cálculo não pode ser interpretada como proposital.

"Essa atualização ocorre sempre, em todos os países. Estão discutindo isso agora porque a inflação está no teto da meta [estipulada pelo governo, de 4,5% com tolerância de até 6,5%]."

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.