Escândalo na Petrobras
Executivo enviou R$ 15 mi aos EUA antes de ser preso
Vice-presidente da Engevix realizou uma das remessas ao exterior na véspera de a PF deflagrar nova fase da Lava Jato
Defesa de Gerson de Mello Almada diz que as movimentações foram todas legais e feitas por meio do Banco Central
Um dos executivos investigados pela Operação Lava Jato, o vice-presidente da empreiteira Engevix, Gerson de Mello Almada, enviou cerca de R$ 15 milhões para o exterior antes de ser preso pela Polícia Federal na última sexta-feira (14).
Uma das remessas, de cerca de R$ 8 milhões, foi feita na véspera da prisão.
Almada foi o executivo que teve mais dinheiro localizado pelo Banco Central entre os investigados pela sétima fase da Operação Lava Jato: ele tinha R$ 22,6 milhões em cinco contas bancárias.
Além das 25 prisões decretadas, o juiz federal Sergio Moro havia ordenadoo bloqueio de R$ 20 milhões de 16 executivos investigados..
A grande maioria dos investigados, no entanto, havia limpado as contas, segundo informações do Banco Central. O ex-presidente da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, por exemplo, tinha apenas R$ 7,5 mil.
Uma das possíveis razões para encontrarem muitas contas com poucos recursos é suspeita de que vazou a data da operação em torno dos executivos das empreiteiras.
Com o esvaziamento da maioria das contas, a Justiça conseguiu bloquear apenas R$ 47,9 milhões dos R$ 720 milhões que havia requerido --o equivalente a 6,6% do total decretado.
Almada foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como o seu contato na Engevix. Ambos citaram o nome do vice-presidente em depoimentos à Justiça.
SUSPEITA DE SUBORNO
Um dos consórcios liderados pela Engevix tem um contrato de cerca de R$ 1 bilhão com a refinaria Abreu e Lima, que está sendo construída em Pernambuco e é apontada como uma das fontes de recursos desviados da Petrobras por meio de contratos superfaturados.
O consórcio integrado pela Engevix cuida da urbanização e da construção da parte administrativa de Abreu e Lima.
A PF suspeita que o negócio tenha sido obtido mediante pagamento de propina. A Engevix fez três pagamentos a empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef, num total de R$ 6,9 milhões.
Procuradores e a PF consideram que esse montante, pago a título de consultoria, é suborno, já que as empresas do doleiro não têm capacidade de prestar qualquer tipo de serviço, segundo confissão do próprio Youssef em depoimento à Justiça.
OUTRO LADO
O advogado do executivo, Fabio Tofic Simantob, disse que as remessas foram todas legais, feitas por meio do Banco Central.
De acordo com Simantob, seu cliente tem uma filha americana e fez com ela investimentos num hotel que eles têm nos Estados Unidos. Os R$ 15 milhões remetidos, afirma, seriam aplicados na reforma do hotel.
Ainda de acordo com o advogado, se o seu cliente tivesse a intenção de enganar uma determinação da Justiça ele não teria deixado R$ 22,6 milhões nas suas contas. "Ele teria zerado as contas."
A Engevix diz em nota que vai prestar os esclarecimentos necessários à Justiça.