Ministério Público pede condenação de ex-diretor
Alegações de 1 das 11 ações penais apontam também contra doleiro e outros 7 acusados
O Ministério Público Federal pediu nesta quarta (3) a condenação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef e de outros sete acusados de envolvimento em um esquema de fraudes em licitações da Petrobras.
Enviado à Justiça Federal, o pedido faz parte das alegações finais de uma das 11 ações penais abertas pela Operação Lava Jato, que investiga licitações e pagamento de propinas a políticos.
As irregularidades dessa ação teriam sido realizadas nas obras da refinaria Abreu e Lima (PE), com desvios de ao menos R$ 37,7 milhões.
O desvio ocorria por meio de pagamentos do consórcio CNCC, liderado por Camargo Corrêa, para as empresas Sanko Sider e Sanko Serviços, que fazia repasses para a MO, firma de fachada de Youssef.
Investigadores se surpreenderam com transações de comércio internacional para cobrir os desvios.
O próximo passo é a manifestação do juiz Sergio Moro. A defesa terá dez dias para se manifestar antes da sentença.
Segundo o Ministério Público, Costa, acusado de organização criminosa e lavagem de ativos, usou o cargo "para obter pagamentos de propinas [...], sobretudo grandes construtoras [...] auferindo repasses' a título de vantagem indevida [...], em prejuízo da empresa estatal".
Youssef, acusado de lavagem de dinheiro, é apontado como "operador" de um esquema bancário paralelo.
A pena para o crime de organização criminosa é de 3 a 8 anos de reclusão. Para lavagem de dinheiro, de 3 a 10 anos. As defesas pedem redução das penas por causa dos acordos de delação premiada feitos por ambos.
SALDO DE PROPINA
Em alegações finais do Ministério Público a Moro, consta que Costa recebeu saldo de propina'' por desvios em contrato com a Camargo Corrêa mesmo após deixar a Petrobras, em 2012.
À CPI da Petrobras nesta semana, Costa chegou a dizer que estava enojado'' com a corrupção na Petrobras já em 2009. Após sair da Petrobras, ele abriu a Costa Global, que firmou contratos com empresas com negócios na Petrobras. Para o Ministério Público, eram um "artifício'' para que recebesse propina mesmo após deixar a estatal.