Congresso
Empresa pressionou PSDB a não aprofundar CPI, indica anotação
DE BRASÍLIA - A Operação Lava Jato apreendeu papéis com anotações em um escritório da UTC Participações, em São Paulo, que traçavam uma expectativa da empreiteira sobre os rumos da apuração na CPI do Petrobras no Congresso.
Segundo as anotações, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria sido "pressionado pela CNO para não aprofundar", em provável referência à Construtora Norberto Odebrecht. Ao mesmo tempo, dizem que o tucano teria "escalado" dois colegas, Álvaro Dias (PR) e Mario Couto (PA), para "fazer circo".
A assessoria de Aécio negou que ele tenha conversado ou sido procurado pela Odebrecht. Disse que "os fatos ocorridos desmentem as insinuações". Citou que o tucano foi um dos parlamentares que lideraram os trabalhos pela CPI mista.
O PSDB e demais partidos da oposição conseguiram, disse, "apesar da blindagem patrocinada pela base do governo", aprofundar a apuração.
Tanto nos endereços da UTC quanto de outras empresas, a PF encontrou vários indícios de como os empreiteiros se prepararam para acompanhar a CPI.
Na casa de um executivo da OAS, Aldemário Pinheiro, a PF apreendeu um e-mail enviado por um funcionário da OAS que trata de requerimentos apresentados na CPI "que entendo devamos ficar atentos".
"Observo que 90% dos requerimentos direcionados às empresas que celebraram contratos com a Petrobras são do deputado [federal] Rubens Bueno [PPS-PR]", informou o dirigente da empreiteira.