Escândalo na Petrobras
Procuradoria pede devolução de R$ 300 mi
Ministério Público denunciou Nestor Cerveró e Fernando Soares, suspeito de ser o operador do PMDB no esquema
Em nota, Cerveró contesta acusações e diz que a denúncia espelha as 'ilações despidas de provas' da Procuradoria
O Ministério Público Federal no Paraná apresentou nesta segunda-feira (15) denúncia criminal à Justiça contra o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano.
Baiano é suspeito de ser o operador do PMDB no esquema de desvios na Petrobras. Eles foram denunciados pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
O procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa do Ministério Público, disse que a denúncia difere das acusações protocoladas na semana passada contra executivos de empreiteiras porque no caso de Cerveró e Soares os crimes não foram praticados por meio da ação de um cartel.
Foram ainda denunciados na segunda Alberto Youssef e o executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, apontado como intermediário do suborno.
Os procuradores pedem que os acusados sejam condenados ao pagamento de cerca de R$ 300 milhões a título de devolução do valor das propinas e de indenização pelos prejuízos causados à Petrobras. Caberá à Justiça Federal aceitar ou não a ação. Até o momento, 15 acusações foram aceitas e serão julgadas pelo juiz Sergio Moro.
Segundo a acusação formal, Baiano era representante de Cerveró no esquema. A Procuradoria aponta que ambos receberam US$ 40 milhões de propina em 2006 e 2007 para viabilizar contratação de navios-sonda para perfuração em águas profundas na África e no México.
Segundo a Procuradoria, em 2006 Cerveró e o lobista acertaram com Julio Camargo o pagamento de propinas no valor de US$ 15 milhões para que fosse viabilizada a contratação, pela estatal, do navio-sonda Petrobras 100000 com o estaleiro Samsung Heavy Industries, pelo valor de US$ 586 milhões.
Após as negociações, Cerveró adotou providências para que a contratação do navio-sonda fosse efetivada. A partir de então, Baiano passou a receber a propina combinada e a repassar uma parte dos valores para Cerveró.
Segundo a acusação, criou-se um sistema para lavar o dinheiro da corrupção.
A defesa de Nestor Cerveró disse que a denúncia espelha "ilações despidas de provas" do Ministério Público e negou as acusações. Os advogados de Fernando Soares e de Alberto Youssef não se pronunciaram. A Samsung declarou que trabalha em "total conformidade com as leis brasileiras". A defesa de Júlio Camargo não quis comentar.