Escândalo na Petrobrás
Dirceu tentará provar que prestou serviços
Juíza quebrou sigilo do ex-ministro, de seu irmão e da firma de ambos, que recebeu R$ 3,76 mi de empreiteiras da Lava Jato
Defesa deve mostrar notas fiscais e outros documentos; em nota, petista diz que valor é referente a consultoria
Os advogados do ex-ministro José Dirceu, condenado pelo mensalão e atualmente em prisão domiciliar, deverão entregar no início da próxima semana uma relação de notas fiscais, contratos e outros documentos para tentar comprovar que ele prestou serviços a três empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato.
Segundo os advogados, o petista incluirá passagens aéreas e comprovantes de hospedagem para provar que viajou a serviço das empresas.
No dia 8, a juíza federal Gabriela Hardt acolheu pedido do Ministério Público Federal e ordenou a quebra do sigilo bancário e fiscal da JD Assessoria e Consultoria Ltda., registrada em nome de Dirceu e de seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e das contas pessoais de ambos.
Na decisão, a juíza revelou que a JD recebeu ao todo, entre 2009 e 2013, R$ 3,76 milhões das empreiteiras UTC Engenharia (R$ 2,27 milhões), Galvão Engenharia (R$ 725 mil) e OAS (R$ 720 mil).
Os números surgiram em análise da Receita Federal entregue à Procuradoria. A juíza escreveu que a quebra visa "verificar se os sócios eventualmente receberam recursos das empreiteiras investigadas e se tais recursos possuem causa (i)lícita".
Em nota divulgada nesta sexta (23) no blog de Dirceu, a JD disse que prestou consultoria às empresas para atuação em mercados externos, sobretudo na América Latina e na Europa.
"A relação comercial com as empresas não guarda qualquer relação com contratos na Petrobras sob investigação na Operação Lava Jato. O ex-ministro José Dirceu está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos à Justiça", diz a nota.