Procuradores negam 'recompensa' a delator
Os procuradores da Operação Lava Jato contestam a informação de que o doleiro Alberto Youssef pode receber até R$ 10 milhões se ajudar os investigadores a recuperar R$ 500 milhões em recursos desviados, conforme a Folha publicou no sábado (24).
A estimativa do valor foi feita pelo advogado do doleiro, Antonio Figueiredo Basto, que contesta a interpretação dos termos do acordo firmado com o Ministério Público.
Uma das cláusulas prevê que as filhas do doleiro receberão 2% por valores que ele ajudar a recuperar no exterior. Segundo os procuradores, os valores que a família pode vir a receber só podem ser usados para abater uma multa cuja garantia é um imóvel no Rio, que Youssef comprou com recursos oriundos de lavagem de dinheiro.
O imóvel será avaliado e leiloado ao final do processo de delação premiada. Ele foi transferido para Youssef por R$ 2,8 milhões, mas não se sabe ao certo quanto vale hoje.
Portanto, se Youssef recuperar 50 vezes o valor do imóvel, o montante equivalente ou o próprio imóvel fica com as filhas, segundo o procurador Carlos Fernando Lima. As filhas não receberão em hipótese alguma um valor superior ao do terreno, de acordo com o procurador.
Os procuradores também refutam que os valores sejam uma recompensa: "Esse tipo de acordo é absolutamente legal, pois não se trata de 'recompensa', mas de determinação futura do valor da multa a ser paga, e atende o interesse público na busca do ressarcimento máximo do patrimônio do povo brasileiro".
"Não usamos o termo recompensa porque dá uma noção errada para a população", diz Carlos Fernando.
Até agora Youssef não ajudou a recuperar nenhum centavo, dizem os procuradores.