Em entrevista, procurador defende acordo com doleiro
Para investigador da Lava Jato, sociedade deve aceitar diminuição da pena de delatores
Em entrevista ao jornal "O Globo" publicada nesta quarta-feira (28), o procurador federal Deltan Dallagnol, integrante da "força-tarefa" da Operação Lava Jato, defendeu os procedimentos do órgão nas investigações, especialmente a delação premiada.
"Se a sociedade quer resultados como o do caso Lava Jato mais frequentemente, deve estar disposta a mitigar a intensidade de algumas sanções contra colaboradores."
Segundo Dallagnol, foram 12 acordos de colaboração premiada celebrados até o momento. Sobre o acordo que prevê sanções menores ao doleiro, o procurador taxou: "Não existe recompensa".
Conforme a Folha noticiou no sábado (24), Youssef pode abater cerca de R$ 10 milhões de sua multa caso localize valores ilícitos de terceiros.
De acordo com os termos da delação do doleiro, essa multa corresponde ao valor de quatro prédios no Rio adquiridos antes de 2003 --período anterior aos crimes investigados pela Lava Jato.
O procurador frisou que, além da multa, há também confisco avaliado em R$ 50 milhões, relativo a bens obtidos com dinheiro desviado.
Questionado se é possível estimar os valores desviados da estatal, Dallagnol falou que há apenas estimativas.
"Alguns parâmetros apontam para prejuízos superiores a R$ 5 bi apenas na área de Abastecimento", disse, acrescentando que o montante pode subir com as investigações.
Dallagnol também refutou argumento da defesa das empreiteiras de que elas foram "vítimas". "Se elas se organizaram em cartéis para fraudar licitações e aumentar ilegalmente suas margens de lucro, não faz sentido alegar que foram vítimas de achaques."