Escândalo na Petrobrás
Bradesco processa filha de delator por cheque de R$ 500 milhões
Banco diz que documento foi preenchido errado e Arianna se recusou a devolvê-lo; ela nega
Ré na Lava Jato, filha de Paulo Roberto Costa teve bens bloqueados, mas pode movimentar suas contas bancárias
Uma das filhas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Arianna Azevedo Costa Bachmann, está sendo processada pelo Bradesco por se recusar a devolver um cheque de R$ 500 milhões que, afirma o banco, foi impresso com o valor mil vezes maior que o requisitado por erro de um funcionário. Ela, porém, diz ter procurado o banco a fim de restituir o documento.
No dia 30 de dezembro de 2014, Arianna foi à agência do Bradesco em que tem conta, no Rio, e solicitou dois cheques administrativos, de R$ 150 mil e R$ 500 mil. Ré em ação ligada à Operação Lava Jato, a filha de Paulo Roberto teve bens bloqueados, mas não foi impedida de realizar operações financeiras.
Em vez de R$ 500 mil, um cheque foi impresso no valor de R$ 500 milhões. Nesta segunda (26), os advogados do Bradesco entraram com ação na Justiça do Rio dizendo que "por um lapso do funcionário da agência (...) ocorreu um erro de preenchimento".
Os defensores do banco afirmam também que Arianna se recusou a devolver o cheque e, por isso, viram-se na obrigação de entrar com o processo. A instituição requisitou que o caso corresse em segredo de Justiça, pedido negado pelo juiz titular da 3ª vara cível, Luiz Felipe Negrão.
Segundo o pedido que originou o processo, o cheque de R$ 500 milhões era válido e poderia ter sido descontado, "sendo certo que eventual terceiro de boa-fé pode acabar se envolvendo em negócios jurídicos com a ré [Arianna] imaginando ser esta detentora da cifra". Esse tipo de cheque vale tanto no Brasil como em bancos do exterior.
Além da anulação do cheque, o Bradesco pediu no processo que Arianna devolvesse o documento em juízo e, caso se recusasse, fosse expedido mandado de busca e apreensão. Disse ainda que emitirá um novo cheque, entregue em juízo --desta vez, com o valor certo, R$ 500 mil.
O juiz Negrão se manifestou na terça (27), acolhendo os argumentos dos advogados do Bradesco e considerando "verossímil a alegação (...) de que houve erro material na emissão do cheque".
O magistrado também determinou que mandados de citação, intimação e busca e apreensão fossem expedidos com urgência para que Arianna devolvesse o cheque --o que ela fez nesta quinta (29).